O teatro, a vida e fim
A cortina se abre lentamente
E aos poucos vão aparecendo
Cada um com a sua cara e veste
Guiados pelos olhos que segue lendo.
O público alvo está aqui, está lá,
Pode ser um ou até milhares
O que importa? Ouvirão a fala.
Talvez não haja fortes olhares...
Mas o meu show é particular
E muito singular, mas orgulhoso.
Quero que o único me faça brilhar
E que a multidão ache escandaloso.
O que quero é aparecer e agradar
Com a minha máscara o esconderijo,
Que com certeza o povo não descobrirá.
Vamos! Vamos! O drama é o meu estilo!
Convenço trazendo lágrimas e ganho tudo
Sem barganhas, fazendo muita fama.
Uma palavra e pronto! Todos e o mundo
Estão de pé em aplausos e o meu nome chama.
Quando quero faço comédia com suas vidas
Toco em suas feridas e me abraçam a gargalhadas.
Falo de seus defeitos e não há brigas
Assim me sinto imbatível, o dono da ilha.
O continente de um povo bobo e contente
Que não enxerga a ironia do dia a dia
E restrito virou uma ilha cercada por ignorantes
Singrados pela hipocrisia da cortina que abria.
Um teatro, o mundo é um teatro
Com suas cortinas dividindo suas classes.
Do pecador ao sacerdote a troca de hábito,
Da alta sociedade a plebe o cheiro do enlace.
O primeiro ato termina e meus olhos atentos
Buscam nas páginas a nova mentira acolhedora
A cortina traz aos fracos e bajuladores o alento,
Para que aos perfumes e sedas viva a alma sonhadora.