A TRAGÉDIA DO VOO 447
Abrumado por tão trágico acidente
Trespassado pela dor forte e profunda
Retira o homem sábia lição, evidente,
Apear-se da vaidade que o inunda,
Garantia de preparo consistente,
Elevação para uma fé pura e fecunda,
Dedicando todo o amor, ser clemente,
Irmanar-se com o próximo que o circunda,
Abeirar-se do Deus Uno; estar presente.
Deus escuta sempre a nossa prece
Ouçámo-Lo! Sua voz nos fortalece.
Veneremos todos aqueles que partiram,
Oblação que Jesus aceitará
Obsecrando o perdão que construiram.
Queridos entes que ficastes co’a saudade
Unido estou na vossa dor, com veemência,
Arrenegar, porém, será maldade.
Tomemos este cálice com sapiência
Rogando a Deus, Sua Luz na eternidade
Orando com ardor por clemência.
Quatro, quatro, sete, fatídico
Ultimação prematura de viagem
Arrastaste para o mar tanto amigo
Tanta alma inocente; oh miragem!
Revestiste a negro o mundo, aflito,
Ousaste modificar a sua imagem.
Selvagem, de veludo enfarpelado,
Enfisema incurável, cruel e vil
Toca de monstro conjurado
Escória mor, abjecta e imbecil.