A MORTE DE MEU PAI AMADO

Vale aqui retroceder no tempo e falar disso...

Eu já estava casada e grávida de 5 mêses,quando soube que meu pai sofrera um acidente e estava internado no Hospital da Polícia Militar.

Como ir vê-lo ?

Tinha um marido ciumento e possessivo,que concordava com tudo que minha mãe falava sobre meu pai.

Só saia de casa com o motorista e ainda assim quando voltavámos,não eu,mas o motorista tinha que fazer um relatório sobre tudo que eu tivesse feito.

O motorista era meu amigo..um senhor de idade,que sabia um pouco sobre a minha vida.Pedi ajuda a ele,e ele prontamente se colocou a minha disposição e prometeu guardar segredo sobre o nosso passeio.

Oficialmente iríamos fazer compras para o futuro bebê.

Entrando no hospital,perguntei por ele,e um soldado me levou até o quarto onde ele estava.Quando nossos olhos se encontraram,não precisamos de palavras,nossas lágrimas falaram por nós.

Ele apenas me disse : Minha menina vai ter uma menina.

Não sei como ele sabia...nem eu sabia que sexo teria o bebê.

O estado dele era grave...tinha sido atropelado...tinha tido muitas fraturas expostas.Mas o pior era que uma costela tinha perfurado o pulmão.Eu não permitia que ele falasse.Apenas fiquei ali,chorando e segurando as mãos dele.Sei que ele me entendia.

Consegui ficar com ele durante uma hora e prometi que encontraria uma forma de voltar no dia seguinte.Comprei umas roupinhas,para disfarçar e fui para casa.

No dia seguinte a mesma história,mas quando cheguei no hospital uma surpresa:Ele tinha sido tranferido durante a noite para um outro hospital,noutra cidade,pois o estado dele se agravara.

Dois meses se passaram e minha filha nasceu prematura.

Era dia 24 de dezembro e estava a família toda reunida na minha casa.

Parou em frente da casa um carro oficial preto,perguntando se ali morava a sra. (eu).

Eles procuravam por mim,pois meu pai tinha dado meu nome antes de morrer,e encontraram na lista telefônica alguém com meu sobrenome (meu ex),assim chegaram até onde eu estava.

Eu mais uma vez tive que engolir o pranto,afinal convaslecia de um parto.Mais uma vez tive que reprimir meus sentimentos,mai uma vez fui obrigada a guardar a dor no meu peito.Mas eu tinha tido o consolo de estar com ele,antes de ele partir definitivamente.

O corpo dele estava numa outra cidade e teria que ser trazido para ser enterrado.

Os homens ,marido,cunhados,irmãos...todos tinham saido de lancha.

E eu queria urgência...queria ver meu pai.

O motorista conseguiu outra lancha e saiu procurando por eles.

Enquanto se preparavam para ir buscar o corpo,eles me prometeram que fariam um velório e que eu veria meu pai.

Foi somente para me enganar,segundo eles para me proteger,pelo parto recente.

Antes de irem buscar o corpo,eles já tinham deixado tudo preparado aqui,no cemitério do Itacorubi,e para lá levaram e enterraram meu pai,sem que antes eu tivesse tido o direito de lhe dar um último beijo.

A minha frustração foi muito grande.Mais uma vez tinha sido enganada.

Ou protegida,como eles insistiam em dizer.

Assim,meio prostrada,fiquei durante muitos dias.

Lembrava daqueles olhos verdes e daquela mecha de cabelos brancos na testa.Foi essa a imagem que guardo dele,até os dias de hoje.

Antes de ter certeza de que nunca mais veria meu pai,eu alimentava a esperança de ainda trazê-lo para junto de mim.Agora tinha a certeza de que esse sonho eu não realizaria;

POIS ELE TINHA PARTIDO PARA O LADO DE DEUS

Mulher de Luz
Enviado por Mulher de Luz em 05/06/2009
Código do texto: T1633876
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