Odeio te amar eternamente

o que me leva a este amor doentio?

daqueles que maltratam o coração da gente

embriaga a nossa alma e nos deixa por um fio

irresistível, maculado, pungente

outrossim, desfruta do meu ser de modo arredio.

tento a todo custo livrar-me deste amor

ensaio incansavelmente a minha carta de alforria

agarro-me a minha sórdida dor

mal que me faz bem, minha execrável fantasia,

afinal, não passo de um pecador,

reprovável essa minha covardia

eu odeio te amar eternamente

tanto, que esqueço até de mim

esqueço de minha própria vida, simplesmente,

revivo a cada dia quando te vejo em meu jardim

nada abala essa paixão

algo que corrói dentro do meu peito

meu medo de deixar-te seria a solidão?

esse sofrimento, vivo, e suportavelmente aceito.

não que eu não goste de mim, do meu ser,

talvez este seja o meu jeito

esta é minha sina, estar contigo pra poder viver.

Sérgio Murilo
Enviado por Sérgio Murilo em 18/02/2009
Reeditado em 07/08/2020
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