CONFISSÕES TRANSFORMADORAS

Cada linha que traço, deixo um retrato

Oscilando na angustia ou prazer

Nada é perfeito, tudo é minado

Fatias dessas horas, doces retardos

Inspira e comove, liberta e atenua

Sou assim, completamente nua

Suave, atroz, complexa, insegura

Ou impura, pura malícia, candura

Entregue ao enredo, à síntese ou

Segredos, que a vida deseja, vou sê-los

Traçando em mim a imagem do ser

Rabiscos da alma, do ter, do querer

Ainda que completa mente solta

Navego no abismo, imenso, profundo

Suspensa nas asas , auréolas do mundo

Faminta e sedenta, na imensidão me perco

O corpo minado, exausto, se ergue

Renovado no mel, que exalas do fel

Manchando os vãos, riscando meu chão

Algemas quebradas na luz, na escuridão

Diante de ti, me faço, renasço.

O corpo em pedaços, rasteja, lateja

Ruídos somente, ecoa nos altos

A manhã me encontra, sedenta em teus braços

Sem forças adormeço, enfim , tudo esqueço.

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 16/02/2009
Reeditado em 09/09/2010
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