PALAVRA : Minha homenagem à Marina Colasanti

-Minhas palavras exprimem meus sentimentos

Escrevo intuitivamente sobre fatos aleatórios

-A poesia modela, dá formas e movimentos.

Unindo letras tortas eu formo laboratórios

-Resumindo fórmulas que compõe experimentos

Separo, catalogo e guardo em reservatórios.

-Injetando nas veias em fases de crescimentos

Elementos novos serão registrados em cartórios

-Não são meras receitas vindas do pensamento

Invadirão as páginas dos livros nos escritórios

-Acolherão minhas alegrias e meus sofrimentos.

-Com as minhas palavras posso ferir e elogiar

Mas o ferimento cicatriza e o elogio permanece

-O objetivo não é com as asperezas me acostumar

À medida que se acostuma o homem esquece

-Levanta abra a cortina para o raio solar

Seus raios reluzentes a nossa alma aquece

-A poesia cura se em doses homeopáticas administrar

Na praia poluída a contaminação entristece

-Sala com ar condicionado para o ar puro entrar

A tecnologia, suas amenidades nos oferece.

-Acostumados a ela um alto preço vamos pagar

O sabor artificial é o que mais nos apetece

-Nos modismos que insistem em nos distanciar

Diante da contemporaneidade a humanidade adoece

-Triste destino dos recursos que irão se esgotar

E indiferente, a ganância dos dominadores cresce.

-Invadindo nossa privacidade nos fazem acreditar

Verdades e mentiras, e a aranha a sua teia tece.

Inspirada, encontra a matéria prima que vai precisar.

A palavra é assim: ela vai e vem ela sobe e desce.

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Marina Colasanti (Asmara, 26 de setembro de 1937) é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritréia. Ainda criança sua família voltou para a Itália de onde emigram para o Brasil com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

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