Acróstico I
Roubaram-me o coração e a alma
Onde antes nascera a flor da saudade
Nativa, serena e bela.
Antes amada, agora despretensiosa.
Lograram-se afora os desejos
De dias e noites que se foram.
Ontem fora despedida, hoje encontro e partida.
Juntaram-se dor e lágrimas
Onde fincaram-se alegria e riso
Sementes derribadas em solo fecundo
E colhidas por mãos profanas.
Guiaram-me em caminhos errantes
Um dia após o outro e outro.
Inteiros laços que se partiram.
Martírios de solidão e silêncio.
Agora restam-me poucos pensares
Resgatados de um peito doído.
Amor e paixão em dualidade
Espalham-se aflitos
Soluçando em grito abafado e sofrido.
Comigo estou só no vazio
Onde a casa silente guarda a imagem.
Entre o passado e o presente.
Leitura de minha triste e doce face.
Hoje o sorriso desfaleceu-se
Onde antes era apenas a saudade.