No Balanço do Amor / Parte 2

Dias depois...

Tudo era vago, as coisas eram estranhas e ela não saia daquela escuridão, será que aquele sonho nunca teria fim? Bom, na verdade não era tipo um sonho, era um pesadelo, ela precisava acordar, pois não agüentava mais ficar daquele jeito, parece que seus pedidos de ajuda eram em vão, pois ninguém aparecia ali para lhe dar a mão.

Quando por impulso ela consegue acordar e ver o quanto estava iluminado, luzes brancas iluminava o local onde ela se encontrava, teria morrido? Pensa Anne, mais não, ao se dar conta estava sobre uma cama com aparelhos ligados e uma máscara de oxigênio.

Era isso, sofrerá um acidente após fugir do motel onde havia dormido com o amigo de seu namorado, sua cabeça latejava á cada movimento que fazia

Logo percebe que uma enfermeira se aproxima dela e lhe abre um sorriso.

_ Você está bem? – pergunta a enfermeira retirando a máscara de oxigênio.

_ Minha cabeça dói muito e as coisas ainda são meio que vagas para mim, faz quanto tempo que estou aqui?

_ Faz três semanas hoje, quando você chegou aqui pensamos que não iria sobreviver, foi por um milagre mesmo que isso aconteceu. Seu estado era critico e graças ao doutor Marcelo você conseguiu se recuperar.

Anne pensa por um instante que teria sido melhor que morresse, não podia imaginar o que acontecerá enquanto ela estava deitada ali, em coma durante quase um mês, na verdade foi um mês ou não, estava confusa e queria ir pra casa, deitar em sua cama e abraçar seu travesseiro.

No meio de tantos pensamentos não se dá conta quando outro médico chega.

_ Olá bela adormecida.

_ Doutor, oi...

_ Pelo o que vejo está bem melhor do que quando entrou aqui. Quando achamos seu carro, todo amassado e virado no meio da mata pensei que havia morrido. Só que me enganei feio ao pensar nisso, nossa mocinha é resistente e corajosa por estar dirigindo apenas com um lençol enrolado ao corpo, nos encontramos nua.

As faces de Anne coram com aquele comentário, imaginava a vergonha que teria sido para os médicos. Mais não podia se envergonhar de nada escolherá seguir um caminho totalmente errado e colhia os frutos disso e se quer podia reclamar, apenas aceitar. Mudar era coisa que ela não conseguiria.

_ Pois é doutor, pelo o que o senhor vê ou pelo menos deve ter visto sou uma pessoa meio descontrolada, esse acidente foi imprudência minha agora basta colher o que eu plantei. Desejei ter morrido.

_ Não fale isso, você é linda e tem a vida toda pela frente para concertar tudo aquilo que vinha fazendo de errado. Por falar nisso, um tal Rodrigo veio aqui te ver quando se encontrava em coma, o rapaz estava alterado e chamava você de nomes inadequados e etc.

Deve ter feito algo de muito grave não?

Ela fecha os olhos respirando fundo, aquilo só séria o começo de tudo, Thomas não á poupará e fora correndo contar, pensando bem, era melhor assim do que Rodrigo se enganar com ela.

_ É sim, estávamos juntos á um mês e...e eu não o amava, na verdade eu o usei.Só sei usar as pessoas, gosto de brincar com os sentimentos dos outros e magoei, acabei indo por engano pra cama com o amigo dele que não perdeu tempo.Foi horrível quando eu vi o que tinha feito, ele me ameaçou e me bateu.

E o resto – já não conseguia mais falar nada por havia se afundado em lágrimas, nenhuma afirmação justificaria o que ela fez, nenhuma. _ O resto o senhor já sabe.

Em toda a sua vida Marcelo nunca se comoverá, estava claro que era uma menina frágil, que por mais que tentasse ser forte não conseguia e precisava de ajuda, talvez fosse à ausência de carinho ou precisava descobrir o que era amar de verdade.

No momento em que ia se pronunciar vê uma mulher adentrando o quarto indo desesperada abraçar sua paciente. Logo vendo que era a mãe de Anne.

_ Minha filha como está, assim que a enfermeira ligou dizendo que havia acordado vim correndo te ver, estava com tanto medo de te perder. – Ninel, era a mãe de Anne e tinha um amor incondicional pela filha, sua única filha com Franco.

_ Estou bem, não precisa se preocupar comigo não, acho que logo estarei em casa e bem. Sinto saudades da minha cama.

Ninel então se dirige ao médico, precisava saber quando poderia levar a seu “bebê” que era como ela a chamava para casa.

_ E então doutor, quando minha filha terá alta?

_ Se não houver nenhuma piora poderá voltar amanhã mesmo, nossa mocinha passou muito tempo dormindo.

Anne ri divertida com a descontração do médico, que para ela naquele momento havia se tornado seu herói.

Passado se alguns dias, Anne encontrava-se novamente em casa a sua casa e se sentia segura, parece que havia acordado de um pesadelo sem fim. Era nascer de novo, só que nascer de novo não a ajudou á mudar, continuava a mesma de sempre, alegre, divertida e usando todos os que se aproximavam dela. Parece que a lição que tivera não lhe serviu de nada.

Certo dia em seu quarto absorvida de pensamentos recebe a visita de sua amiga Ana, as duas se conheciam á tanto tempo, desde o colegial, desde então nunca se desgrudaram.

_ Desculpa não ter vindo antes, você sabe que minha vida está uma correria, mais agora estou aqui, como você está? – Ana tinha uma preocupação e um amor muito grande por sua amiga, para ela nada poderia destruir uma amizade de sete anos, sete longos anos em que compartilhou tudo com Anne.

_ Tudo bem, não precisa se preocupar. Eu estou bem sim, foi horrível tudo o que aconteceu, o Rodrigo nem quer saber mais de mim, não sei até quando vou continuar agindo dessa forma.Quando acordei do coma pensei que estava morta, mais não estou e voltei a curtir a vida, porque ela é muito curta.

Ana se perguntava como ela agüentava ser daquele jeito, Anne tinha 24 anos e nunca conhecerá alguém que pudesse a fazerela mudar aquele jeito torto que só ela tinha. No fundo sabia que a amiga estava beirando o poço.

_ Ta na hora de amadurecer, você não pode sair por ai fazendo essas merdas que você faz Anne, sabe se lá quantos corações você machucou, quantos cara você iludiu com esse seu jeito desmiolado de ser. Passou do ponto até, um dia você vai encontrar alguém que vai fazer o mesmo com você e ai vai ser difícil não acha?

Ela estava cansada de ouvir aquele discurso, era sempre a mesma coisa, Ana sempre falava a mesma coisa e ela estava farta.Não tinha nenhum interesse em se prender á ninguém, para ela todos os homens eram machistas e faziam coisas piores do que ela mesma faz, não tinha vontade de ter o coração despedaçado por nenhum deles.Gostava de como sua vida era e não mudaria nunca.

Anne se levanta da cama e anda lentamente até a janela onde fica encostada, querendo evitar o olhar reprovador da amiga.

_ Não vou passar por isso nunca, tenho 24 anos e sei muito bem como as coisas funcionam e não vou cair entende? Eu sou feliz assim, não preciso achar um cara e me prender á ele, muito menos sofrer, você sofre por um cara que não está nem ai pra você e isso tem anos já. Não sei como agüenta, vai viver a vida, você é linda e o melhor é que acredita em finais felizes.

_ Um dia ele vai me notar e não vai demorar, mais é você quem sabe, se quer continuar nesse caminho a escolha é sua mais cuidado pra não se machucar. Bom, mudando de assunto, vou ao hospital ver o Marcelo, quer vir comigo?

Anne se vira para a amiga meio que espantada ao escutar aquele nome e saber que o mesmo cara trabalhava no hospital, podia ser conhecidência mais não era, realmente o mundo era pequeno demais. Pensando bem, ela adoraria ir até o hospital junto com a amiga.

_ Hum, que coisa não? Marcelo é o mesmo nome do médico que cuidou de mim enquanto eu estava em coma, será que conheci sua paixão e nem me dei conta? Se for a mesma pessoa que estou pensando, você até que escolheu bem, ele é um pedaço de bom caminho. – ela controlava seu ar cínico e debochado, mais era mais forte, não conseguia nem por um momento ficar séria e não rir daquela situação, mesmo sabendo que a amiga era apaixonada pelo tal médico.

_ Você e suas gracinhas, agora vamos, não quero me atrasar.

Algum tempo depois as duas chegavam ao hospital o mesmo em que Anne havia ficado internada, ela notava o brilho de felicidade no rosto da amiga e dentro de si ficava feliz, torcia para que Ana encontrasse um cara bacana, as duas faziam planos de serem madrinhas uma do filho da outra, velhos tempos de colegial. E esse tipo de sonho Anne não tinha mais, só queria viver, pois o caminho á percorrer era longo.

As duas pegam o elevador para chegar mais rápido á sala de Marcelo, Ana não escondia sua excitação de felicidade. Quando chega ao quarto andar ela corre diretamente á sala de seu amado deixando à amiga que vinha andando em passos lentos para trás. Ao abrir a porta da sala, Ana para e fica sem saber o que falar com a cena que vê, seu mundo parecia rodar e sentia como se acabasse de perder o chão.

Anne se aproxima da amiga e põem a mão sobre o ombro dela a puxando para que pudessem ir embora, não podia imaginar a dor que Ana sentia ao ver o homem que tanto ama aos beijos com outra.

cabeçuda
Enviado por cabeçuda em 05/01/2009
Código do texto: T1368455
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