O Maquinista
O Maquinista
Depois de tantas vezes ali passar, ainda me emociono naquele vilarejo.
As crianças, sem camisas, param o futebol para me ver passar.
Sou o primeiro a chegar, mas não ouço o que dizem.
O barulho é ensurdecedor, mas eu sei o que estão fazendo.
Estão contando o comboio, que a cada dia tem cento e cinqüenta ou cento e sessenta.
No final da curva, olho para traz e vejo seus dedinhos apontando para cada vagão.
Estão contando.
Tantas toneladas conduzo, riquezas que se vão.
Mas, não importa, pis o bom do meu trabalho é que nunca parem de contar.
Aquelas crianças que não conheço, mas aprendi a amar.
Que bom que conduzo valores, que bom que desperto o principio básico da matemática, que bom o meu trabalho, que faz de mim o maquinista do comboio incontável na vida em direção a felicidade.