O Maquinista

O Maquinista

Depois de tantas vezes ali passar, ainda me emociono naquele vilarejo.

As crianças, sem camisas, param o futebol para me ver passar.

Sou o primeiro a chegar, mas não ouço o que dizem.

O barulho é ensurdecedor, mas eu sei o que estão fazendo.

Estão contando o comboio, que a cada dia tem cento e cinqüenta ou cento e sessenta.

No final da curva, olho para traz e vejo seus dedinhos apontando para cada vagão.

Estão contando.

Tantas toneladas conduzo, riquezas que se vão.

Mas, não importa, pis o bom do meu trabalho é que nunca parem de contar.

Aquelas crianças que não conheço, mas aprendi a amar.

Que bom que conduzo valores, que bom que desperto o principio básico da matemática, que bom o meu trabalho, que faz de mim o maquinista do comboio incontável na vida em direção a felicidade.

Luiz Kapop
Enviado por Luiz Kapop em 06/12/2008
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