Bárbara Adolescência

BÁRBARA ADOLESCÊNCIA

Um dia conheci uma garota que

contou-me uma estória.

Disse ela, que teve uma fase difícil,

e que suas dúvidas giravam em torno

do ser adulta ou criança.

“Fase encrencada”, eu disse.

“Chamam de adolescência”.

Ela pensou um pouco e passou a discursar:

“Não existe encrenca, como você disse,

para isto basta sonhar”.

Antes que a interrompesse, fez sinal de silencio

para mim, com o tradicional gesto de levar o dedo

indicador aos lábios.

“Sonhei, uma noite, com duas moças idênticas,

muito parecidas comigo, mas nenhuma delas era eu.

As duas estavam frente a frente, discutindo algo

em um dialeto, que, a principio, não entendi.

A imagem era bárbara, mas o som era barbaramente horrível.

Em um esforço que realmente não fiz, pois estava sonhando,

as imagens e o som ficaram em uma nitidez incrível.

Eram garotas idênticas, mas uma delas foi crescendo e

a outra ficou do mesmo tamanho.

A grande dizia: “ta vendo este tamanho. Esta será sua eternidade,

você terá toda a sua vida para vivê-lo. Mas do jeito que estás,

ainda tens uma pequena fase a aproveitar, que não voltará jamais,

aproveite-a”.

“Então, meu senhor, entendi a mensagem.

Estou aproveitando barbaridade, como dizem lá no sul,

esta maravilhosa fase de minha vida, que o senhor chamou

de adolescência.

Bom, tenho que ir. FUI”.

“que garota inteligente”, pensei.

Luiz Kapop
Enviado por Luiz Kapop em 28/11/2008
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