Presente recusado
Um dia recebi um presente
Veio especialmente, quando estava eu tão carente!
A solidão que eu sentia foi embora de repente!
Mas, da mesma forma que chegou,
A alegria em meu peito transbordou.
Caiu por terra tudo o que parecia impossível,
A sensação de que eu era desprezível.
A medida que o tempo foi passando,
Minha vida foi se transformando,
E um lindo céu se descortinou,
Indo embora toda dor, todo sofrer.
Xingava o passado, mas tudo mudou.
A sua voz no ouvido me fez reviver.
A sua companhia desejei ardentemente.
Mais e mais, estar com você seria meu presente.
O companheiro ideal, amigo e verdadeiro,
Rasgando a cortina de uma vida em cativeiro,
A preencher com conselhos e carinho o tempo inteiro.
Que houve agora, meu amor?
Um vento impetuoso parece que tudo destruiu.
E o que era alegria e carinho sumiu.
Gesto concreto de amor, então lhe fiz:
O perfume mais gostoso, aquele que você quis.
Sabendo que estaria sozinho a me esperar...
Também não tardei a me arrumar.
O carinho com que escrevi aquele cartão,
Sendo eu, na verdade, o presente a lhe dar.
Os mais doces beijos de amor no portão.
Mas, qual não foi minha surpresa:
A toalha jogada sobre a mesa,
Sugeria que outra pessoa era esperada.
Quisera eu que fosse um sonho!
Um pesadelo que logo passaria.
E não teria que aceitar o mal tamanho.
Pois meu presente por você foi rejeitado,
E o que parecia amor tornou-se ilusão.
Não mais vou poder ter você um bocado,
Agora tudo voltou a ser solidão.