Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros

Certa manhã, eu e uma grande amigas saímos para ir ao cartório que ficava aproximadamente uns nove quilômetros do bairro onde morávamos.

Minha amiga estava com um pouco de pressa, pois precisava pegar o filho de oito anos no reforço escolar e a escola do garoto, ficava num outro bairro totalmente contrário ao caminho do cartório.

A nossa frente, um carro gol com dois ocupantes. O motorista guiava tranquilamente sem parecer ter pressa para chegar ao seu destino.

Apressada, minha amiga pisou no acelerador e ultrapassou o gol. Os ocupantes olharam para nós e o motorista um senhor vesgo nos lançou um sorriso simpático.

-Esse cara é um moleirão! - exclamou minha amiga impaciente.

Logo mais a frente, um fila se estendia por mais de dois quilômetros.

Tratava-se de um enterro. Os carros todos com o pisca alerta ligados e a uma velocidade de km por hora. Desesperada, minha amiga nem pensou e foi ultrapassando o cortejo fúnebre . Quando chegamos finalmente no ponto de ultrapassar o carro funerário eis que fomos obrigadas a parar por um policial que servia de batedor para o cortejo fúnebre. Este tomou seu apito e pediu que minha amiga encostasse o veículo imediatamente. Ficamos muito apreensivas, pois certamente o policial nos aplicaria uma multa.

Contrariado com o abuso de minha amiga, o policial perguntou o porquê da pressa ela tentou explicar, mas quanto mais ela tentava articular uma resposta, mais irritava o policial, que então, ordenou que ela esperasse que todo o cortejo passasse e depois seguisse acompanhando atrás do cortejo.

-Eu nem conheço o morto. - tentou alegar. O policial lançou-lhe um olhar de fúria e respondeu que ela aguardasse ou lhe aplicaria uma multa. Sem opção, tivemos que esperar todos os carros passarem por nós. Perdemos pouco mais de cinco minutos.

Seguimos para o cartório e para nossa surpresa ao chegarmos finalmente ao nosso destino encontramos com os ocupantes do gol, aquele primeiro carro que minha amiga ultrapassou e o motorista nos sorriu. Ele chegou primeiro, mesmo parecendo que seria o último.

Esse episódio nos levou a reflexão: Os últimos serão os primeiros e os primeiros acabaram por serem os últimos.