LABAREDA ANELANTE

 

 

Acróstico para a minha filha Joesa.

 

 

 

Jaz tu desnuda sob a anelante labareda de minha vida, inspirando a sempre procurada saudade. Envolvem-te os meus olhares, os meus olhares que nada vêem quanto te envolvem. (P.N.)

 

Ouça minha menina: A tua lembrança obstinada emerge da noite solitária em que me encontro, e assim, eu vivo a turva embriaguez da saudade. O silêncio premido e a saudade teimosa juntam os seus lamentos ao mesmo tempo.

 

Em ti se acumularam todos os encantos e todas as ternuras, que somente os meus olhos cansados vêem. Andam os dias sempre iguais a me perseguirem com a tua lembrança. Desfaz-se a névoa em dançantes figuras – vejo-te nelas!

 

Sinto-te tão longe como um eclipse de ventos e astros. Sinto-te tão minha na imensidão de oceano, quando sou acordado pelo teu sorriso fugaz que se perde no horizonte. Pranteio-te com amor. Amo-te minha menina, experimenta comigo esse doce viver e aspira esse incenso que se evola do turíbulo da minha vida.

 

Ainda és branca, suave e inocente como anjo, mesmo assim, levar-te-ia em minhas mãos como se tu fosses uma cesta de amoras silvestres. Estou compactado a ti, assim como a argila ao solo.

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 21/07/2008
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T1091092