Sem Fim

Foram-se meus sonhos.

Infelizes restaram os dias.

Morto, assombro as noites vazias.

Sobrei, decantado fragmento

Expulso da tua superfície,

Imerso em meu próprio tormento.

Queria poder respirar

Um pouco mais do teu ar,

Enquanto afundo em meu pensar.

Não me resta réstia de luar,

Apagaram-se até as estrelas.

Devolva-me, noite, tuas luzes

Acesas para que eu possa vivê-las.

Toca minha lembrança tua pele lisa,

Enquanto a mente na demência

Mergulha sem compaixão.

Não sinto o calor da tua brisa,

Esfria meu corpo na tua ausência.

Medo, teu nome é solidão.

Onde estarão os sonhos perdidos ?

Aonde irão os sonhos desfeitos ?

Morrem nas praias do esquecimento ?

Ou evaporam, em ciclos perfeitos,

Retornando em novo sentimento ?

Quantas vezes, quantas vidas,

Um sonho deve retornar

E só então se realizar ?

Trago no peito doído

Esperança que se diz imortal.

Não sei se é pura ilusão,

Horizonte longe demais,

Ou último sopro vital.

Perguntas nascem a cada passo.

O caminho parece sem fim.

Respostas, só nos trazem nossos erros.

Te espero de volta algum dia,

Inexoravelmente, para perto de mim.