30 trovas selecionadas do livro - Entre Trovas e Trovoadas

(Por Onofre Ferreira do Prado)

1

Pelo saber me encantei,

já dei bons passos na estrada;

quanto mais penso que sei,

mais vejo que não sei nada.

2

Rica lira de esplendor,

exalto-te em cada canto.

Tenho a trova por amor

e toda a arte por encanto.

3

A chuva molhando a terra,

a terra germina o grão.

Da fome, começa a guerra,

do labor que vem o pão.

4

Um encanto do Universo,

nasce o sol e vibra a Terra.

Na ilusão de um simples verso,

nem penso que existe guerra!

5

A minha infância é o retrato,

que revivo num segundo:

uma casa rente ao mato

e um regato logo ao fundo.

6

Um jatobá centenário

que recordo com saudade,

traz-me à baila o bom cenário,

lá da praça da cidade.

7

No Brasil verde amarelo,

mil encantos tem aqui.

Tem um azul que é tão belo,

inda canta a juriti.

8

No Brasil de mil amores,

inda tem muita beleza,

tem ainda os beija-flores,

tesouros da Natureza.

9

Nossas terras valem ouro,

são riquezas entre mil,

nossos rios um tesouro,

são belezas do Brasil.

10

A jaó canta na mata,

sabiá na laranjeira.

No quintal - uma cascata -

cantam a alma brasileira!

11

No calor de todo afeto,

pelo amor que dure mais,

tudo é canto no soneto

de Vinicius de Moraes.

12

Coração chora mansinho,

todo ser sente saudade,

quando canta um passarinho,

o seu canto é de verdade.

13

Passarinho quando canta

sente falta do seu ninho.

Um amor que desencanta,

também já sentiu carinho.

14

Quem tem um amor distante,

um amor o mais bonito,

com o olhar apaixonante,

tem tristeza do infinito.

15

Voa leve a borboleta,

cada ser segue seu rito,

qual Romeu e Julieta,

reeditando o amor bonito.

16

O poeta chora e ri,

canta a dor com tanta calma;

uma dor que dói ali,

dói no fundo de sua alma.

17

Nem parece ser real,

olhe a lua em rosa e prata,

de beleza sem igual,

despontando sobre a mata!

18

Majestoso sobre a mata,

de um encanto mais febril,

surge o sol em ouro e prata,

clareando o meu Brasil!

19

Sedutora na beleza

e também na polidez,

se me olhares com firmeza,

apaixono-me de vez.

20

Dois olhares diferentes,

um encontro que pressinto,

sinto logo o que tu sentes,

logo sentes o que eu sinto.

21

Eu vivo este amor prestante,

beijo a vida entre os florais,

penso em ti daqui distante,

perto, te amo muito mais.

22

A ideia de todo crítico,

que político é ladrão,

a conduta do político,

é que deve dizer não.

23

O Estado deu boa vida,

o governo foi bom pai.

Do Império vem a ferida,

ninguém sabe aonde vai!

24

Para este ano de eleição,

junte votos de esperanças.

Olhe bem para a Nação!

O País pede mudanças.

25

Probidade é coisa rara,

aparência muito engana,

não se iluda pela cara,

não se passe por banana.

26

A corrupção é um fato,

não é blefe de ninguém.

Muito raro um candidato

que não queira se dar bem.

27

Com os passos tão pequenos,

pouco vale ser esperto,

o pouco nem sempre é menos

se o futuro é tão incerto.

28

Não compensa fazer feio,

querendo chegar ao trono.

Não queira pegar o alheio,

o alheio chora seu dono.

29

Já pequei, pois não sou santo,

por pequenas atitudes,

mas não tenho em um só canto,

um senão de ilicitudes.

30

Posso não ter conquistado

os lauréis da doce vida,

mas me sinto premiado,

posso andar de face erguida.

Onofre Ferreira do Prado
Enviado por Onofre Ferreira do Prado em 25/11/2012
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T4003952
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