TUDO MORTAL

Fiz este soneto, a partir das boas lembranças quando íamos (uma boa turma de amigos, irmãos, primos...) passear na antiga Alcãntara-Ma e, à meia noite, formávamos grupos para ver quem atravessava a rua da Amargura (Rua com ruínas de casarões dos séculos XVIII e XIX com os mirantes voltados para o mar... Reza a lenda que essa configuração do sobrado, permitia às mães avistarem os navios que levavam seus filhos para estudar na europa)... Confesso que tinha muito medo...A rua é realmente sinistra!...A cena do soneto é pura divagação minha...Não existe mais nenhum daqueles palacetes em pé...Mas, vale a pena conhecer esta cidade! Um abraço!

******************* TUDO MORTAL!*******************

Era noite bem alta e chovia

Naquele lugar ermo, tão sepulcral,

Nas ruínas de pedras... Não se via,

Pois, nenhum movimento... Tudo mortal!...

O alpendre, as arcas, os castiçais;

Os grilhões nas paredes seculares...

Era imenso o silêncio e os vitrais

Sujos, empoeirados, singulares,...

Refletiam as almas penitentes

Dos senhores de escravos, bruta gente,

Que maltratou os negros, tão sem sorte!...

Ainda hoje, benzo-me, silente,

Cruzando o casarão de ar plangente,

Ao ouvir, com pavor, ecos da morte!....

Aarão Filho.

***********Bela Interação da Ana Flor do Lacio**************

Obrigado, Ana, por esta belíssima inspiração! Um beijo!

NEGRA SOMBRA PREDADORA *

Trevas que roubais à lua beleza

Vinde acudir aos meus clamores

Minha luz não mais está acesa

Meu coração explode de horrores.

Oh, sombra negra e predadora

Surges quando o negro mocho pia,

Não assombreis minh´alma dolorosa,

Levantai de mim vossa mão tão fria!

Sinto na garganta teu negro dedo

Minha pele sente o véu medonho

Que me cobre o corpo delicado.

Súbito acordo, vejo: foi sonho,

Que me inspirou tão negro fado

Vem o sol, faz meu dia tão risonho!

Ana Flor do Lacio

Aarão Filho
Enviado por Aarão Filho em 16/05/2011
Reeditado em 17/05/2011
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