O Albúm

Quando você entrar pela janela, o sol... Será a primeira coisa que verás.

Ele alimenta o meu ódio, e estará engolindo o quarto por inteiro.

À noite, estarei só. Não quis mudar. Não volte, nunca mais.

Dizem para não olhar para trás. Eu pensei no universo todo.

Também imaginei, ao fundo, sons que completam os espaços

Das linhas que sobram, das palavras que assombram.

O quarto é uma outra coisa. Quando ligo o som, e coloco a música,

Entro numa caixa pequeno com grandes novidades.

Aos poucos, aos poucos vou conhecendo, vou longe.

Lá fora nada me faz bem.

A musica cresce, grita, vibra, aperta, liberta, nasce, morre, mata.

Som singelo, grandioso, minucioso. Acho que me encontrei.

Fite seus olhos no que não se pode vê. Nas paginas curtas,

No meu espaço pequeno que cabe vários de mim,

Mas todos perdidos, entrando em conflito, pazuzu...

Deu certo. Não posso acreditar.

A melodia pede para continuar. Mas nada se encontra.

Na parede tem várias desilusões. Vê-se bem, aquele quadro dos sapatos sujos

Nunca esquece por onde pisou.

Aquele cigarro nunca esquece a boca de quem beijou,

A sua fumaça não esquece o pulmão que abraçou.

Era tarde. A madrugada e seus problemas. Efêmera como o tudo.

O nada passa devagar.

A felicidade dura uma tarde de café.

A tristeza é mais fiel, é para sempre.

Então, te desejo a maior tristeza,

Para que posso sentir de verdade.

Hoje acordei e olhei para o lado. O ventilador branco, girando, girando, ah! Como gira esse desgraçado, e derruba os papeis no chão, e o chão se move e o papel voa... e a vida carrega o papel, as dores, a fumaça leva o vento, os amores, os dias não vividos, os choros. E a musica preenche isso também, como ninguém.

E aquele dia que caminhei sozinho, parece que encontrei a direção.

Tudo em vão, e no fim eram as mesmas coisas. Mas me encontro.

E não estou aqui, mas lembro de quando passei em frente à sua janela.

Só isso também.

A música começa de novo, é o meu ciclo de vida,

Ela toca o som da descarga do meu banheiro. Olha o que fiz.

As fotografias guardaram algo do que foi. Mas elas mentem quando dizem a verdade.

As horas erradas, acordei meio dia, mas ainda eram 7.

As luzes apagadas iluminavam os meus olhos cansados,

Sol infernal, e é tão cedo.

Hoje não vou almoçar,

Só um café forte me basta.

Vou embora, vou te deixar ir embora.

Vamos embora.

A musica ainda toca.

A melodia dos meus dias...

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 10/06/2018
Código do texto: T6360934
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