Ser e não ser.

Pouco era verdade, e a verdade pouco era mentira.

Para os olhos desgastados depois de uma noite

Com luz a abajur iluminando-os,

Folhear o livro que me olhava da cabeceira

Da cama parecia ter sido um veneno, ele venceu-me, Perdi__ era o ato mais nobre do meu dia, era a guerra que não queria ter ganho, mas era só mais um dia.

Dia este repleto por outros atos,

Mas não importa, porque como quase tudo que me Rodeava, era inútil.

Justamente por isso, exclusivamente de mim,

Por mim__ Ainda que não fosse, ainda seria.

Seria isto o facto das minhas repentinas perguntas,

Que por outro lado, se tinha poucas respostas.

Vendo assim, teria sido eu o que não queria, e assim, os Meus anseios não foram devidamente atendidos.

O casaco protege do frio, a sombria do sol,

Os sapatos dos espinhos, e eu, por usura do tempo, bem__não sou nenhum casaco.

E não posso eu querer este efeito devastador de ser algo.

Se a minha essência não fosse minha,

Quem então eu seria?

Teria então__ caso não fosse,levantado da cama?

Não posso dar-me adeus. Não seria justo,

De tudo o que há de mais indelicado, ainda que eu o seja, Seria ainda mais.

Não poderei eu__ ser o sol da galáxia,

Por outro lado, vestiria o chapéu, e pensando em todos as Flores que já murcharam__ poderia ser muito bem um grão De areia que compõe o solo que o homem cheio de Convicções e verdades pisa diariamente.

Isso não é diferente do que fiz de mim, do que fizeram,

Do que deixei ser, do que impedi e por consequência,o foi.

Poderia pintar como Picasso, tocar guitarra Como Slash, cantar como John Lennon, escrever como Machado,

Morrer e viver como Brás cubas, ser louco como Raul,

Sonhar como uma criança,

Cheirar a flor como o beija-flor.

Veja que o que faço não é nada desejável,

Ainda que esse nada fosse tudo__nada seria, nada faria.

Papéis, pedras, canetas, bonecos de cabeça girante,

Olhos atentos, sorriso indeciso, cabelo crespo,

Barro ao chão, pensamentos que me assolam, imundícies Da minha limpeza.... Da minha limpeza...

Antes fosse o que foi, antes fosse o que não foi,

Antes fosse o que não é, antes fosse o que é,

Antes fosse nada, antes fosse tudo...

Por aí, quando o cigarro queima lentamente,

Percebo que de qualquer modo, a roupa nunca estaria Bonita o suficiente.

O suficiente para mim, insuficiente para os olhos dos que não vêem.

Suficiente para mim, insuficiente para os ouvidos que não escutam...

A julgar por não ser, a se arrepender por ser.

Lá do outro lado da ponta as estações mudam,

Deste lado da ponta só há sol.

Agora, " lá do outro lado da ponta só há sol, aqui só há chuva.

Queria estar lá__ queria está aí.

Porque, eu seguro minha caneta assim.

Ponta de lado, pra cima, para baixo...

Sim, é assim que se segura.

Não, não sei se é o certo, apenas faço.

Pra quê se preocupar com esse detalhe irrelevante.

Apenas faço, ainda que não me orgulhe.

Pobre e idiota, inútil e imprestável.

Desço, pareço subir. Subo, pareço descer.

Agora veja, como pareço?

Como pareço diante de todas as estrelas pintadas no céu?

Como pareço depois desta noite?

Sou eu o sonho, que não se realizou?

Ou se realizou? Quem sabe, o pesadelo que teve a vez...

A planta fracassada que não brota...

Pareço e não sou.

Sou e não pareço.

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 19/03/2017
Reeditado em 19/03/2017
Código do texto: T5945423
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