O impasse

Pare, pare, pare, pare, pare! Pare de rodopiar e feche a porta.

__ Tudo bem, como quiser, mas não irei me responsabilizar pelo vento perdido.

Deixe que sopre para longe suas doenças e lembranças! E que leve consigo a vida, a quero bem distante. Aliás, quero você bem longe também, ninguém me entende.

__ É mesmo? E quem levará seus sapatos sujos para lavar?

Ora, eu não preciso mais deles. Está tudo perdido para mim, e sapatos é um luxo que no momento não posso ter. Eu acho que você se preocupa demais com as páginas em branco. Você de algum modo deveria fumar seu cigarro no jardim e esquecer-se de tudo, pelo menos de mim.

__ Não concordo com o que você diz, mas defendo o seu direito de dizer. No entanto, não estou disposto a aceitar essa decisão arbitraria, e não venha com essa historia de destino que o velho Agostinho falava!

Olhe, chegará um momento que nenhuma palavra fará sentido, e você saberá a hora certa de pular da Golden Gate.

__ Chegará um momento que essa ponte não existirá mais.

Então será tarde demais. Por isso não quero mais olhar para esses ponteiros que andam lentamente.

__ Nesse caso acho que você mesmo está perdendo a hora do trem, e lembre-se que ele só passará uma vez. Não perca a chance. Por algum motivo gosto como as flores desabrocham, e não gosto da forma como elas morrem.

Eu não ligo. Você deveria saber disso. Se não for agora, eu poderei sem problemas sofrer um pouco mais.

__ Foi você quem apagou a luz, não foi?

Em todos os casos, nos mais difíceis, eu apagaria a luz, assim não verei meus medos.

__ Eu quem trouxe essa cortina suja e empoeirada.

E de certa forma, ela me ajudou.

__ A abajur levei embora.

Nesse caso, você alimentou a minha doença. E de qualquer modo não quero me tornar um escravo da vida.

__ E eu não quero ser o réu da morte.

Ora, não veja por esse lado, você está deixando a situação chegar a um impasse. Ande, diga-me uma coisa: você prefere a borracha ou o lápis?

__ Prefiro o antídoto

Já eu prefiro o veneno. Mas você não compreende, e isso deverá ser feito.

__ O jardim é meu. Não permitirei que cave um buraco.

E como irei me esconder da realidade? O que eu posso fazer? A droga não é o suficiente...

__ E muito menos a saída.

E o que você sabe sobre saídas?

__ Fui eu quem inventei a saída de emergência.

Eu acho que você poderia criar algo útil para mim, até agora você só falou que a minha decisão não é a saída.

__ essa é a saída...

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 08/12/2016
Reeditado em 09/12/2016
Código do texto: T5847772
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.