O Palhaço
Disseram que o palhaço tinha nome
Registro de nascimento e número de telefone
Um dia o vi escrevendo com a mão esquerda
Até canhoto era o bastardo palhaço
Cresceu sozinho cercado de pessoas iguais a ti
Aprendeu a ler e a escrever ao mesmo tempo
Que dominou o trapézio, o leão e a bailarina
Era mestre em cambalhotas e maquiagem
No fundo queria ser dentista ou mesmo mecânico
Qualquer profissão que fosse bem longe da tenda
Sua mãe era casada com o mágico da cartola
Uma pobre assistente de um louco ilusionista
Disseram que o palhaço tinha vontades e medos
Sentia dores na coluna e no peito
Já com certa idade dormia sempre embriagado
E o leão e o elefante nunca o perdoou
Já velho foi deixado na beira da estrada
O circo o esqueceu e nunca mais foi lembrado
Era aquele palhaço incrível que fazia rir
Até mesmo a macaca vaidosa banguela!
(Quarta Feira, 03/11/99)