{Não sei nunca...}

Não sei nunca como se começa a dizer. Ou a contar. Não se diz tudo, tudinho mesmo. Não porque não se quer, mas porque dizendo, não diz. Dizem-me é assim: tarátarátatá... Ah, mas quantas regras! Então que contem cada um a seu modo a sua prrópria história. Eu desconto a minha sem modos nem um.

...para mim é por qualquer ponto ou parágrafo, qualquer parada serve para correr a escrever, pode ser que seja preciso uma pausa como um nadador ou mergulhador quando tomando fôlego à superfície avança ou mergulha fundo ao fundo (de sua fonte/frente), e nesse lugar, que é um momentozinho infinito, eu sei, hei de perder-me muito e sempre.

É preciso, vez em vez um distanciamento para que eu encontre o centro e fique a navegá-lo em torno como um bicho selvagem fica arrodeando sua caça, silencioso, faminto, docemente agressivo e, principalmente, incansável.

A caça, outro bicho, frágil e delicado, não menos agressivo nem menos selvagem, e principalmente, não menos faminto.

Eu mesma, caça e caçador, fome e alimento, sujeito e objeto de mim.

Estou a ficar tonta de circular esse EU-OBJETO posto ao centro contrastando sem ser contrários. Circunferencio-os. Sujeito-eu a prescutá-lo Objeto: co-referentes. Espanto e desejo.

Tomo então num só fôlego a superfície que também é o meu habitat.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 15/04/2009
Reeditado em 16/04/2009
Código do texto: T1540288