{Aquelas chuvas...}

Flor de cactos brotando na minha garganta agreste.

...

Hoje chove. Chove. Chove.

Aquelas chuvas que você olha e não vê nada. Não vê o que dizem ser o céu, a cidade, a cordilheira de prédios, não vejo um palmo do meu nariz, tudo cinza esbranquiçado. A chuva me molha só de olhar. Nem uma forma se forma à frente, meus pés tamborilam o chão de poça , e com o coração trovejando no corpo, tenho vontade de correr nessa chuvarada cheia de frescor e música e invisibilidade, como quem caminha na invisibilidade sem procurar caminho algum. Você sabe? Sabe sim. E não é bom?

E corro em disparada como um raio que rasga a nuvem e treme os ares.

Bebo janeiros com a vida arranhada de securas.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 07/02/2009
Reeditado em 07/02/2009
Código do texto: T1427203