ENFIM, AMO VIVER

 
 
                   Sim meu amor, amo tudo o que existe na natureza. Até porque tenho convicção plena da benevolência de Deus em nos colocar nesse mundo tanta beleza; beleza essa que muitas vezes nós mesmos destruímos sem dó nem piedade.
                    Sim meu amor, eu amo o sol, o céu, o mar, a chuva e até os raios produzidos durante as grandes tempestades. Amo as praias, os rios, as cachoeiras, os regatos e as cascatas; amo os campos e os bosques; as serras, os picos, as montanhas, as dunas e os desertos e todas as obras por Deus construídas e nos legadas.
                    Sim meu amor, eu amo o vento que sopra lento ou alvoroçado; amo ouvir o tilintar intermitente dos pingos da chuva batendo numa lata ou garrafa vazia e principalmente aqueles que caem diretamente num telhado de zinco, que muitas vezes conforme o nosso estado de espírito nos soam como uma sinfonia.
                    Sim meu amor, amo ouvir o gorjear dos pássaros, bem como o som de uma banda ou de uma grande orquestra na execução de uma peça dolente. Nem é preciso dizer que amo cantar e ouvir um cantor lírico ou popular numa peça romântica.
                    Enfim, amo viver. Sinto-me privilegiado nesta existência. Nela só existe uma coisa que me deixa desconfortável, irrequieto e invariavelmente desconsolado, o que contrasta com tudo quanto elenquei anteriormente dizendo que amo, qual seja:
                    “A tua ausência. Sem a tua presença tudo fica vazio e sem a mínima graça. És tu meu amor, a única estrela cintilante que brilha, e que por onde passa deixa um rastro de luz e de energia, da aurora ao ocaso”.