Carta em branco

Na esquina da rua um estabelecimento,

Drogaria e artigos de toalete.

Ele seguia caminhando com um cigarro preso por entre os lábios.

A máquina de escrever em cima da mesa,

Abajur ligada, luz amarela,

Lia uma carta que acabara de chegar.

Não tinha assinatura, não tinha data,

E não tinha nada escrito.

Ironicamente isso representava tudo envolta;

As pessoas, as burocracias da cidade,

A fila de espera do banco, o ônibus,

O sol lá fora, o pão seco da venda da esquina.

E nesse movimento brusco e confuso,

Isso não representava nada.

A carta em branco não é diferente do que existe, porque nada existe, nada é, nada foi, e na maior profundidade da angústia, nada será.

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 21/03/2018
Código do texto: T6286898
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