QUANDO A POESIA COMEU MEU CORPO

Quando a poesia comeu meu corpo

Rasgou-me a roupa, a pele e o osso

Lambeu-me das pernas até o pescoço

Comeu a carne e roeu o caroço

Eu, ainda no pé feito fruta de vez,

Não sabia se era doce ou acidez

Se era fome, sede, efeito sinestésico

Não sabia se era eu ou se era o verso

Agora de frente com a poesia no prato

Tempero os estrofes, sacio-me, engulo

A poesia sou eu, a me degustar

Autofagia, canibalismo, eu e você a nos devorar.

Desde você, a poesia virou prosa.

E todos meus versos são pra te comer.

Alice Alencar
Enviado por Alice Alencar em 02/02/2017
Reeditado em 23/02/2017
Código do texto: T5900733
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