Nirvana Dos Monstros
Cansado de esperar
Cansado de agir
Cansado de ser o primeiro
A levantar o copo
A levantar a mão
Pra briga,
pra paz,
pra apanhar
E até bater
Enjoado de tanto sonhos
Crenças e feitiços
Enjoado de guerras
e da paz dos imbecis
Enjoado de noticias,
de documentários e filmes
Cansado de ter sorte
Ter novas doenças
Menos cabelos
Mais barriga
Cansado de musica,
literatura e poesia
Cansado do emprego
Do escorrego e da intriga
Cansado de fofocas
e de Marias faladeiras
Enjoado de comer
Beber,
fumar e vomitar
Enjoado de abstinência
De dietas,
de chá verde
Enjoado de exercícios,
meditações e profecias
Cansado de pílulas
e de enraizadas benzidas
Cansado da vida
Pronto pra viver
Cansado da morte
Que não mata nada
Não muda ninguém
Enjoado de estar errado
De estar tão certo
Comprar melado de rapadura
Enjoado de café
De shopping,
de turismo
Cansado de mentiras
Quando transformadas
em verdades
Cansado de Londres
Dessa extensão do Mato
Enjoado de clubes e de shows
De gente aglomerada
Enjoado de tecnologia
Burocracia e pau mandados
Cansado de pedir,
de roubar
De perder e ganhar
Cansado da casa,
das roupas e da família
Enjoado dos filhos,
das prestações e planilhas
Enjoado da esposa,
das namoradas e das primas
Cansado do azar
De ter medo
e de sorrir
Cansado dos heróis
Dos macabros e infelizes
Cansado de tantas coisas
E pronto pra mais nada
Enjoado de tantas coisas
E o sol e a lua
não mais me anima!