Procela Íntima

Rumores bélicos estridentes contaminam os sentidos

Sinistramente tomam conta do coração como uma bruma de arsênico

As figuras de linguagem malévolas alastram-se pela alma,

Em meio à orgia das palavras febricitantes os tumores crescem

Acordando os tenebrosos demônios cavernícolas

Gestados nas entranhas do pântano da discórdia

Seres maldosos, peçonhentos, subterrâneos mercenários...

Que em êxtase profano colocam-se em fila dupla

Na tênue fronteira entre o amor e ódio

Esperando famintos que a mágoa encefálica exploda

Como o cogumelo escarlate de Hiroshima

Espalhando vísceras convulsivas pelo chão

Que a tempestade vermelha caia desgovernada

E a enxurrada radioativa arraste o amor funéreo

Para a hedionda antropofagia dos malditos fracassados.

(Edna Frigato)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 13/05/2012
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