O Meu Segundo Eu
Otug `a ti irmão
Otug `a mim
Otug a quem quiser
Entrar na festa
Otug `a quem quiser
Não mais sair desta
Otug é meu nome
Ao contrário
Otug é a voz
Do calvário
O mesmo é pai
Do mesmo filho
O mesmo lhe salva
E depois lhe trai
Se seguir seus passos
Saberá de todos
Os lugares
Se acompanhá-lo
Sentirá sua dor
`A sua senhora
E ao seu senhor
Traga os parentes
E seu amor
Venha com alma
E muito dinheiro
Vamos queimá-los
Até o amanhecer
Ele é o único
Que conhece a fundo
Seus medos
E frágeis pesadelos
Otug de dia
Otug de noite
Otug é o princípio
E também o fim
Ele é a charada
E a própria maçã
Ele é de Deus
Ele é Ateu
Se veste de ouro
E ri do sábio
Cospe no tolo
Chuta o pobre
Mata o rico
Estupra o jovem
Se diverte `as custas
De poucos nobres
Aqueles que o tempo
Os chamam aos porres
Otug meus caros confrades
É a própria mentira
Mas se acostumados
Venha `a ele sentir
Quando se sentirem em casa,
Casem!
Mas quando quiserem sair,
Pisquem!
Otug é deus
Otug é o diabo
Otug é meu nome
Escrito ao contrário!
(1988)