DE ONDE VENHO
 
De onde venho,
Trago o gosto do mel,
Do mel da abelha,
Do melado da cana,
Do mel do céu da boca,
De um beijo de uma cigana.
De onde venho trago o cheiro da flor,
Da flor de mandacaru, anunciante da chuva,
Que traz para o sertão toda beleza e cor.
De onde venho se ouve o galo-da-campina,
Cantando bonito assim bem perto,
Como se fosse sua sina.
De onde venho trago comigo à saudade
De um beijo dado em uma boca encarnada,
Mesmo ainda sem noção e pouca idade,
Mas para paixão e o momento, isso não era nada.
De onde venho trago comigo o gosto da água salobra
Das cacimbas profundas das terras secas do sertão,
Perfuradas pela mão forte do sertanejo
Que dizia com fé e reza, daqui não saio não.
De onde venho à sobrevivência é divina,
Tudo que queremos vem do céu,
A chuva que embeleza a campina,
E aumenta o desgosto do coronel.
De onde venho à vida é sacrilégio
Pra criança não há colégio
Pra pobre não tem remédio
Mais ninguém morre de tédio
Por que a fé é privilégio
Do povo que é mistério
Que não arreda o pé do chão
Ficando naquele torrão
Pra cumpri sua missão.
Eu venho da grande nação nordestina,
Um guerreiro em cada esquina,
Uma enxada e uma foice na mão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 15/05/2013
Reeditado em 15/05/2013
Código do texto: T4292568
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