Ao pó

A noite chega, eu fico só

A morte se aproxima e a minha última nota foi um dó.

Hoje a lua cheia, eu fico só.

Perdido na imensidão do meu quarto pequeno, o amor que inventaram, virou pó.

Hoje terminei um livro, eu fico só.

Engoli toda a solidão das páginas vazias e

Rápidas.

Caminho pelas ruas vazias pela manhã cinzenta, declarando guerra às horas insólitas, piso nas flores sem dó.

Hoje joguei fora o amor que inventei, fico só.

Cuspi no lixo tudo aquilo que não tinha e de repente me perdi.

Olhei para as árvores secas do inverno e elas sorriram, e o vento frio entrou pelo meu nariz e me abraçou...

O meu pulmão vazio e simplório sentiu o que não existe, só a frieza da imensidão do meu quarto, eu fico só.

Fico só....

Ao pó, de volta,

De volta ao pó*...

* John Fante, de volta ao pó

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 27/05/2018
Reeditado em 31/05/2018
Código do texto: T6347997
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