Se
se fosse para ver meu pranto
num prato cheio de abóboras,
escreveria os piores poemas
no muro da casa limpa
depois do inverno.
espero-te na porta...
as mãos suadas e trêmulas
entregam flores de plástico
e pano.
no palco, imagino a cena.
desesperado, esqueço os passos
do tango argentino e a melodia
dolorida do fado.
eu, rindo alto, direi à plateia:
morto estás nos meus olhos!
com sangue escrevo versos.
tenho nas mãos quebradas
o frio vento dos disertos.