Se

se fosse para ver meu pranto

num prato cheio de abóboras,

escreveria os piores poemas

no muro da casa limpa

depois do inverno.

espero-te na porta...

as mãos suadas e trêmulas

entregam flores de plástico

e pano.

no palco, imagino a cena.

desesperado, esqueço os passos

do tango argentino e a melodia

dolorida do fado.

eu, rindo alto, direi à plateia:

morto estás nos meus olhos!

com sangue escrevo versos.

tenho nas mãos quebradas

o frio vento dos disertos.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 06/07/2017
Reeditado em 06/07/2017
Código do texto: T6046912
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