Peguei uma carona com a felicidade. Inicialmente ela seguiu por caminhos bem conhecidos e eu me senti confortável. Claro, muito feliz. Assim, despreocupado da vida e de tudo não me dei conta do que acontecia ao meu redor.
Pessoas tristes e infelizes reclamavam das suas sinas e má sorte até blasfemando. Na minha posição privilegiada seguia indiferente. Afinal, a felicidade me acolheu e me guiava diuturnamente.
Dizem os sábios que nenhum homem consegue ser feliz as vinte e quatro horas de cada dia durante a semana, o mês e o ano. E que, muito menos é infeliz pelos mesmos períodos, posto que seja comum as situações se inverterem em determinados momentos.
Assim, passados longas décadas fui surpreendido com a felicidade me abandonando com as seguintes recomendações:
“Doravante terás que seguir sozinho me encontrando dentro de si mesmo, visto que externamente estarei acompanhando outros dos teus irmãos menos favorecidos. Terás alguns contratempos e muitos obstáculos a serem superados. Mas seguindo com cuidado, fazendo exatamente o que fazíamos quando caminhávamos juntos certamente conseguirás viver bem e trilhar a tua meta terrena com sucesso”
Foi um choque tremendo. Não construí nada, não programei nada, não me preparei para o futuro. Ali estaca eu na estaca zero como há cinquenta anos atrás. Com alegria e esperança me peguei à última frase da felicidade: “Seguindo com cuidado, fazendo exatamente o que fazíamos...”
Hoje em dia, já ao caminho do ocaso, dou-me ao luxo de dizer que a felicidade está comigo sempre. Os meus momentos de alegria e de sorrisos superam em muito todos os meus momentos de dissabores e de infelicidade.