FILHOS DO ACASO

“A decisão de não querer ter filhos pode ser interpretada por alguns como um comportamento egoísta ou de pouco amor às crianças, mas eu diria aqueles que pensam assim que mais importante do que ter um filho é assumir a responsabilidade de ser um pai ou ser uma mãe. As crianças não podem ser filhas do acaso. Depois de tantas informações e tantos mecanismos que nos permitem fazer planejamentos, é uma total irresponsabilidade colocarmos crianças neste mundo cruel sem que elas tenham as condições basilares de sobrevivência. Antes de tudo, uma criança precisa nascer de um ato de amor verdadeiro e necessita de uma família (seja ela convencional ou não), atenção permanente, proteção, compreensão e educação. Uma criança não pode ser fruto da irresponsabilidade de pessoas que ainda nem se distanciaram da sua própria infância, seja pela própria idade ou pela falta de maturidade. Se quisermos de fato combatermos a miséria, a criminalidade infanto-juvenil e a bandidagem dos adultos, teremos que nos despir da hipocrisia que nos mascara e fazer alguma coisa para que essas pessoas cujas estatísticas já as condenam, não cheguem a nascer, pois pior do que não ter a chance de vir ao mundo é ter que ser condenado as piores barbáries ainda na nossa tenra idade... Não basta ser criança, tem que ser criança feliz, não basta ser pai ou mãe, tem que ser pais responsáveis e a responsabilidade começa muito antes do ato sexual, pois quem não tem condições nem de sobreviver sozinho certamente não terá condições de ser responsável por alguém...” (Ivan Lopes, 2013).