Entrevista com ... o jornalista

Jornalista:

Olá! Em primeiro lugar quero saber há quantos anos você escreve:

Escritor:

Desde que berrei pela primeira vez quando vim ao mundo. Tirando escrita por desejo ou coisa tipo catarse do medo, da dor. Desejei rebelar-me contra meu mundo mexido, mas depois, como não havia volta, aprendi como todo sortudo a me adaptar, sobreviver. Depois escrevi minha fome, no choro também, e no olhar. O peito era o alimento, aconchego e calor, leite e alma.

Jornalista:

Mas, falando em escrever literalmente, quando foi? Ah, no sentido não de estar alfabetizado, por favor, mas de ato criativo e intelectual.

Escritor:

Foi meu primeiro bilhete para minha mãe, eu pedia desculpas pela malcriações. Anos mais tarde li-o novamente, e percebi que havia ali uma grande vocação aos 7anos de idade para criar climas, nuances e poesia.

Jornalista:

Muito bem. Poderia nos dizer o que é escrever para você?

Escritor:

Claro. Escrever é berrar, é chorar, é sorrir, é olhar, e é também escrever um bilhetinho amoroso para a mãe visando manter seu amor.(risos).

Jornalista:

Mas você não teria uma definição mais... mais acadêmica?

Escritor:

Eu não sou acadêmico. Eu só escrevo, sou escritor, choro, berro, sorrio, amo, aprecio, manipulo, crio. Tudo bem, leio muito, inclusive alguns textos teóricos, mas eu respondo como escritor. Escreve aí.

Jornalista:

Tá bom, vou escrever. Mas vou escrever como jornalista, tudo bem?

Escritor:

Meu jovem, então eu é que te pergunto agora, visto que senti um tom de revanche na sua voz: O que é escrever para você, meu caro jornalista?

Jornalista:

Bem, eu deveria escrever enquanto trabalho pelo menos, como se espera que um jornalista escreva, buscando o máximo de fidelidade às paralavras de quem entrevisto, e isenção quando produzir uma reportagem.

Escritor:

Meu caro, pois busque colocar em prática o que pensa e entende como certo. E mais, como pode agir assim se vive cobrando dos outros uma resposta que não é a que eles têm?

By Tânia Barros