Lembranças Mediúnicas e Ácaros - Fazemos backup na internet, mas quem faz o backup da internet?

Em 25/07/2016, fiz o seguinte post no Facebook:

"Apesar de várias críticas que tenho em relação ao Facebook, acho bem interessante esse recurso de 'Lembranças', em que são trazidos posts que fazemos ou interagimos na mesma data de um ou mais anos atrás. Até mesmo para fazer um balanço entre posições que mantemos e outras que mudamos.

Por outro lado, percebi que, de 15 links que me apareceram hoje destas 'lembranças', 4 apontam para páginas que já não existem mais (Erro 404 / Not found). O que me leva a constatar o quão 'voláteis' as coisas são na internet. Quantas horas de trabalho, esforço para se produzir vídeos, podcasts, artigos etc. E, de uma hora para outra, tudo se perde, seja por motivos de força maior (como fechamento de servidores) ou porque os autores retiraram seu conteúdo do ar.

Da mesma forma que a internet ajuda a preservar a memória da TV (com serviços como Youtube) e da literatura (com livros fora de catálogo/raros escaneados ou convertidos para formato digital), acredito que seja necessário também preservar a memória dos materiais de qualidade que já nasceram na própria internet. Caso contrário, fica parecendo com aquele ditado: 'Em casa de ferreiro o espeto é de pau' ".

Em 15/07/2016, após concluir a leitura de Count Zero (William Gibson), fiz uma resenha no Skoob e procurei por outras, para ver qual foi a percepção que outras pessoas tiveram da obra. Lá, encontrei oito resenhas, destas, apenas três possuíam mais de um parágrafo.

Em meio a febre dos chamados “Booktubers”, pensei que não teria maiores dificuldades para encontrar vídeo resenhas do livro acima referido e, para minha surpresa, depois de várias tentativas, encontrei apenas uma resenha em português para Count Zero!

Em 26/07/2016, recebi mensagem no Skoob do tradutor do livro questionando se eu havia postado a resenha em outro local e pediu para avisá-lo quando o fizesse, pois ele queria divulgar o link da resenha num grupo de Ficção Científica.

Somando A (conteúdos que desaparecem da internet) + B (dificuldade de encontrar discussão sobre determinados assuntos) + C (conteúdo existente, mas difícil de encontrar, os “ácaros”), tive a ideia de postar aqui no Medium, usando-o como uma espécie de repositório.

Conheci este site através de artigos bem longos e aprofundados sobre sociedade e política. O que mais me atraiu e ainda me atrai é seu visual limpo, que prioriza a leitura, de forma agradável (espero que continue assim!). E, dentro dos poucos recursos visuais que possui, traz ferramentas interessantes de discussão, onde os leitores podem grifar e comentar trechos específicos do texto, deixando a discussão bem orgânica.

Não sei qual será a longevidade deste site/serviço. Já escrevi em blogs, mas hoje estou em busca de algo ainda mais simples, sem complicações acessórias. Não pretendo seguir uma linha de assuntos, nem atender demandas, ou seja, irei apenas “descarregar” aqui resenhas de livros, filmes e demais conteúdos culturais que aprecio. Assim como alguns pensamentos e reflexões.

Hoje, estou numa vibe de apreciar mais a qualidade do que a quantidade. Por mais que eu não possa garantir a primeira, se você, assim como eu, não concorda com esta correria imposta a nós todos os dias, a esta forma superficial de ver as coisas e, principalmente, não concorda com a forma descartável que quase tudo é tratado, talvez goste do que irá encontrar por aqui.

O Medium funciona de forma diferente de um blog, o protagonismo é dos textos e não dos autores, portanto não há nenhuma estrutura de menus, categorias ou algo do tipo para um mesmo autor.

*Postei originalmente no Medium.