A inabalável pureza do ser...

Capítulo V de A constância do sábio, itens 1 e 2, Sêneca fala que ao sábio nada lhe falta, que ninguém lhe pode favorecer ou desfavorecer, pois, as coisas divinas nem desejam ajuda nem temem prejuízo; o sábio estando bem perto dos deuses a eles se assemelham. Como cristã, eu diria que o espírito puro (ver Livro dos Espíritos, 112- livro II, capítulo I) estando já tão próximo à Inteligência Suprema, causa primeira e única de todas as coisas, é-lhe semelhante em tudo sem, todavia, poder-lhe alcançar em magnitude e perfeição.

Sêneca continua, na mesma obra e capítulo supracitados, e aqui cito na integra seu texto: “ Com seu empenho em alcançar coisa excelsas, ordenadas e intrépidas que evoluem em um ritmo igual e harmonioso, tendo por objetivo coisas seguras, plausíveis, direcionadas para o bem comum, enquanto saudáveis tanto para quanto para os demais, então com nada de desprezível ele se defronta nem de coisa alguma sente carência."

No item 3, Sêneca, explanando ainda sobre a constância do sábio ante as adversidades, diz: "Aquele que, com respaldo de sua racionalidade, atravessa vicissitudes humanas, com ânimo divino, não abre espaço para acolher injúria". Essa fala me faz lembra uma passagem do Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IX - Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos, item 8 - que fala sobre a obediência e a resignação, "duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas ... Jesus foi a encarnação dessas virtudes..." A obediência é a observação das leis naturais e morais pela intelectualidade humana, a resignação, por sua espiritualidade. Assim, através da obediência, observação intelectual e a resignação, atitude de fé - aceitação ativa, "ânimo divino", o Homem abre mão de todo e qualquer tipo de sofrimento descabido ou excessivo; não haverá espaço para revolta, medo, ódio, tristeza, melindres, lamúrias etc. O sábio, o espírito puro, na plenitude, dele já nos falava Jesus: " Eu vim para que todos tenham vida e, vida em abundância.", João. 10,10.