QUARENTENA
 
          De Repente um vírus provoca uma situação de fim dos tempos, uma pandemia mundial, recebemos decretos, ordens, orientações, e por fim alguns tem que irem para suas casas, foi meu caso, dividir o serviço presencial com o trabalho à distância, então passei a trabalhar das duas formas, incrível, que passei a trabalhar mais, pois chego a responder documentos online até meia noite, mas, vamos levando.
          Pouco tempo atrás tive um Ataque Isquêmico Transitório (TIA) ou "minicurso", que é causado por uma interrupção temporária no fornecimento de sangue para a parte do cérebro, então segundo o colega que me socorreu e me levou para casa, eu não falava coisa com coisa, estava “areado” (Esta palavra no interior do Nordeste tem acepção de perdido, desorientado ou confuso), minha família me levou correndo ao um hospital particular, quando recobrei a memória a conta já estava em quase dois mil reais e tinha tomado apenas um soro na veia e nada mais, os médicos que me atenderam, bateram cabeça e não sabia o que tinha acontecido comigo, com raiva pelo descaso, tirei o soro e me dei alta, fui embora...
          Essa aclaração anterior é apenas para explicar, que minha mulher, depois do ocorrido fica me vigiando, acho que preocupada, assustada com o que me ocorreu, quanto fico quieto ela me procura, está tudo bem, sabe que dia é hoje, sabe onde você estar, está com dor de cabeça, essas coisas. Agora trabalhando em casa e tendo que ir ao trabalho levar e buscar serviço, aí que o negócio pegou.
          Dias atrás, nesse início de Quarentena, como sempre acordo e vou preparar o café, isso já faço há muito tempo. Então quando chego na cozinha, que fica muito clara, pois as janelas deixam a luz do sol entrar iluminando tudo, encontrei uma “Apis mellifera ligustica”, a abelha italiana é uma abelha social, originária do Sul da Europa, cujas operárias medem de 12 mm a 13 mm de comprimento e apresentam faixas amarelas nos segmentos abdominais. Também é conhecida como abelha-amarela e abelha-italiana-amarela. Comecei a observar a pequena abelha, não sabia se ela tinha ficado a noite toda na cozinha ou tinha acabado de entrar, mas, parecia atordoada, tinha sofrido uma TIA, quem sabe, isso me veio na cabeça.
          Enquanto observava a abelha, coloquei meu dedo e ela subiu, começou a andar em minha mão, explorando-a, além dos cinco dedos, que percorreu rapidamente, fazia um minúsculo barulho com suas asas, mas não voava, então fiquei ali, observando aquele pequeno inseto. Entretido não vi o tempo passar, também não percebi que minha mulher estava bem perto me observando, quando percebi que ela me analisava expressivamente, fiquei quieto, percebi que a cena naquela ocasião, era para ficar quieto e não tentar se explicar, pois ia chover de perguntas sobre minha sanidade mental, ficamos quietos por alguns instantes, a abelha percebendo a janela aberta, bateu assas e ganhou o céu azul brilhante naquela manhã. Minha mulher depois de um tempo me perguntou se eu ia continuar com a quarentena, em sua voz dava para perceber, que ela tinha entendido, viu, que com muito custo e paciência eu tinha salvo uma abelha italiana de sua morte cruel, então a quarentena iria me fazer bem, sobre o vírus mortal, nenhum comentário...
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 07/05/2020
Código do texto: T6940352
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