Imagine!

Às vezes ele caminhava ao longo da avenida. Às vezes estava sentado em um banquinho na calçada da barraca de lanches da mesma avenida, na qual a menina passava a caminho de onde trabalhava. Eram pontuais. Ela indo trabalhar... Ele lanchando para, provavelmente, também ir trabalhar.

Ele lembrava muito o famoso cantor com aquela magreza comprida, cabelos longos, lisos, abaixo dos ombros e óculos redondos... E ela imaginava.

Cantarolava baixinho sonhando as maravilhas da canção propagada pelo cantor: paz entre os homens, paz entre as nações. Paz... nenhuma guerra. Todos iguais.

Imaginava...

E ela sorria. Sorria para ele. Mas sorria mais para o cantor. Para sua música. Para seu sonho. Para o sonho de todos.

Sorria sempre e um dia até arriscou um sinal com os dedos de PAZ E AMOR...e ele retribuiu!!! E sorriu!

E um dia ele não estava mais lá. O sorriso se foi.

E sempre que passa por lá a menina sorrir e imagina...

Imagine!