RAIO-X DO FUTEBOL BRASILEIRO – PONTOS DE VISTA

O futebol, inventado por um cidadão inglês, Charles Miller, é um dos esportes mais difundidos e apreciados no planeta, quiçá o mais popular. São bilhões de adeptos aficionados e apaixonados. Como todo esporte, é bonito de ser visto e apaixonante de se torcer. É a paixão de “gregos e troianos”, crianças, jovens e idosos. Apreciado por reis, rainhas e plebeus, ricos e pobres, independente de raça, religião e sexo, haja vista o crescimento do futebol feminino e das torcidas mistas nos estádios.

No início, o esquema de jogo era, pode-se dizer universal. A defesa era formada por seis jogadores: goleiro, dois ‘backs’ (em português, zagueiros direito e esquerdo), três ‘halves’ (em português, ‘ralfes’ ou médios direito e esquerdo), e o ‘centre-half’ (ou centro-médio). O ataque era composto por cindo jogadores (pontas e meias, direita e esquerda, e centroavante). O centroavante, em geral, era o goleador ou o artilheiro do time. Era o jogador que tinha “faro de gol”, atual ‘matador’. Na prática, podia-se dizer que o time jogava para ele. Um dos laterais e um dos ‘meias’ faziam a ligação entre a defesa e o ataque. Eram denominados, respectivamente, de ‘apoiadores’ e ‘armadores’.

Era a “época do futebol-arte”, os jogos eram ‘limpos’, as faltas eram mínimas, jogava-se na bola, os passes errados eram raros. Lógico que devemos considerar as exceções. Os campeonatos estaduais eram anuais (três turnos) e os times jogavam, em geral, uma vez por semana. Antes do campeonato disputava-se o “Torneio início”, quando todos os times jogavam entre si, no sistema “mata-mata”. Aquele que vencesse todas suas partidas era o campeão.

Eis algumas denominações dos esquemas de jogo da época: ‘marcação por zona’, ‘marcação homem-a-homem’ e ‘ferrolho’. Por falar em esquema de jogo, por que muitos técnicos atuais optam por estratégias ‘retranqueiras’, sobretudo nos jogos decisivos em que o seu time joga pelo empate? Além de não concordarmos com esse esquema, nossa opinião é que em toda partida de futebol a estratégia a ser adotada deve ser a daquele ditado popular, que diz “A melhor defesa é o ataque”. Em quaisquer situações! Nada de tantos ‘volantes’! Viva o futebol ofensivo! Viva o Goool!

Não diremos que o futebol contemporâneo evoluiu, mas sim que “mudou de cara”. Os esquemas atuais são vários e dependem de cada técnico, os jogadores adquiriram outras habilidades e melhor preparo físico. Fala-se de futebol moderno. Os times tornaram-se empresas, em muitos casos há fortunas envolvidas, mas não parece ser o caso do Brasil, onde a maioria dos clubes sobrevive à ‘duras penas’. Os estádios andam vazios, as partidas são deficitárias, apesar de alguns clubes pagarem salários milionários e exorbitantes a alguns jogadores, que não condizem com as condições deficitárias dos mesmos e da própria atividade futebolística nacional. Em muitos clubes os salários são pagos com atraso. Daí os clubes dependerem tanto do patrocínio de empresas diversas. Os salários dos jogadores deveriam ser compatíveis com a realidade de sua atividade.

Desde algum tempo atrás, vários e diferentes campeonatos passaram a ser disputados num mesmo ano e de modo concomitante. Quase todo dia tem jogo! Agora, os times chegam a jogar três vezes por semana e, por isso, precisam ter mais jogadores com mais preparo físico, pois as lesões e o cansaço são frequentes. Talvez, tais fatos contribuam para que os jogadores fiquem mais agressivos e passem a considerar o adversário como um inimigo e não como um amigo e colega de profissão. Daí, presenciarmos, na atualidade, tantas agressões físicas e verbais em campo. Os jogadores não ‘batem’ mais apenas na bola, mas também nos adversários, em alguns casos até mesmo fora dos lances! Muitas vezes entram nas jogadas com raiva, força excessiva e imprudência. Ás vezes, tal atitude prejudica o próprio agressor que, além de ser expulso pode sair machucado. E isso ainda prejudica o clube. A fragilidade das punições aplicadas tem favorecido esses atos antidesportivos.

Passemos agora a alguns comentários mais amenos e técnicos. Os jogadores vivem da bola e para a bola, ‘comem e dormem’ com a bola diuturnamente. Daí, não serem justificados os erros que cometem em campo, conforme pontos de vista a seguir. Muitas vezes, os passes e cruzamentos são errados e alguns ridículos! Por que tantos pênaltis são perdidos? Por que os goleiros em geral não sabem ‘sair jogando com a bola’? Alguns conseguem chutar a bola para fora, pela linha lateral de seu próprio campo! Eis o que diria Tadeu Schimidt: “Que é isso rapaz”? Todos eles deveriam espelhar-se nos seus colegas do futebol de salão. Afinal eles são um dos onze jogadores de um time em campo. Sigamos também o exemplo dos goleiros europeus. Outra atitude que merece comentário é a dos zagueiros que deixam os atacantes adversários sem marcação dentro da área para fazerem gols a seu ‘bel prazer’. Isso porque, ao invés de se preocuparem com o adversário, eles ficam atentos à trajetória da bola que, por se só, não oferece risco algum de gol!

Vamos falar também daqueles gols que alguns jogadores perdem, tornando-se dignos de receberem a camisa do “Inacreditável Futebol Clube”? Não. Porque este assunto deprime e estressa os torcedores dos seus times! E também dispensa comentário. Paciência! Parece que não existe explicação.

Outro ponto crucial, extremamente importante para os clubes, é o caso das faltas cometidas sem a mínima necessidade e perigosas, pois são originadas de jogadas que não representam perigo de gol para o time do jogador infrator. Entretanto, muitas dessas faltas resultam em gol. Tais faltas são empurrões, cotoveladas, rasteiras, puxão de camisa, pontapés etc., quando são cometidas no meio e nas laterais do campo, nas linhas de fundo, próximo ou dentro da grande área! Parecem mais jogadas de amadores, nas peladas de fim de semana. Muitos jogos e campeonatos já foram perdidos por causa de tais infrações. Os clubes deveriam cobrar isso dos seus jogadores, bem como treiná-los e alertá-los para evitar tais situações. E, quem sabe, até mesmo puni-los!

Outra situação deplorável é o jogador reagir com indignação quando o juiz marca uma falta que de fato ele cometeu ou quando está em completo impedimento ou, ainda, faz um gol com a mão! E jura que é inocente! E o que dizer sobre o jogador que, com gestos, ‘exige’ do juiz

aplicar o cartão amarelo no adversário que cometeu uma falta, tão comum nos dias atuais. Essa é uma atitude ridícula que precisa passar a ser punida. Não se respeita mais o árbitro como era no passado. Onde fica ou onde está a dignidade do jogador acusar-se culpado por essas faltas cometidas? Esta sim é uma atitude digna e admirável de um atleta de quaisquer esportes, mas ainda rara.

Como se não bastasse, ultimamente muitos jogadores tem encenado agressões inexistentes para que o juiz puna o adversário, que apenas cometeu uma infração normal. Mais uma vez essa é uma situação que os clubes têm a responsabilidade de orientar seus jogadores para evitar essa prática perniciosa, que não condiz com a prática desportiva. Onde está a ética profissional?

Em consideração ao que foi comentado nos parágrafos anteriores, julgamos que os dirigentes dos clubes precisam adotar uma atitude rígida para que tais fatos não continuem ocorrendo. O futebol também precisa ser modernizado e entrar na era tecnológica para dar um fim definitivo nos aspectos negativos e lances duvidosos que ocorrem nas partidas com reflexos nos seus resultados e, assim, devolver o brilho do espetáculo que emociona multidões que merecem respeito. Afinal, são essas multidões que, indiretamente, contribuem para que o futebol seja patrocinado e mantido. Estádios vazios resultam em rendas baixas e pouco interesse da mídia e, via de consequência, não atraem investidores.

Getúlio Cunha
Enviado por Getúlio Cunha em 28/06/2017
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