Explosão de desespero acumulado

O sentido da vida é para baixo. Cair, cair e cair. Malditos parasitas roedores desgraçados. Nheq nheq nheq fodendo com a minha cabeça. Sistema binário do caralho. Será que o filho da puta que inventou isso sabia a merda que estava fazendo? São só dois números porra! Dois números de bosta que me perseguem em todo lugar. O cretino e o bastardo. Ficam me seguindo por todos os lados, cagando informações como areia no deserto. Agora não dá mais para andar sozinho por aí. Passamos para o nível dois. Quem não tem facebook, whatsapp e twitter é suspeito, chato, ou idiota. Esquecível. Quase descartável. Segurança é desculpa de quem quer futucar a vida dos outros. Bando de vagabundos antiéticos e imorais. “You talkin' to me? You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talking... you talking to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to? Oh yeah? OK!” Agora vamos começar a brincar. Faz tempo que não faço isso.

Quem tem medo de comer não sabe como é o prazer de uma boa cagada. Não estou de volta porque na verdade nunca fui. Só venha a nós, ao vosso reino, nada! Nunca fui nada. Condenado ao fracasso eterno. Nadar, nadar e morrer na praia. Morrer com o zape na mão. Morrer de rir. Me parece a única certeza disso tudo. Vão-se os anéis e não fica nada. De novo. Nada. Repita. Hora de mudar de estação. Renovamos a esperança, agora vamos continuar indo para merda.“Sunny side up.....such a lovely way to start the day...” Vamos deixar o drama para depois e pensar na parte prática: quem esta chorando e quem esta dando risada? Tem dia que a gente ganha, tem dia que a gente perde, o melhor é ter mais dias do tipo 1 do que do tipo 2. Diria até que o melhor mesmo é tomar café como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo. Depois que entrar no ritmo você nem percebe mais que o verão acabou. Agora todos os dias são meio cinza.

História é aquilo que está nos livros da escola. Se você não está nos livros da escola é porque sua história não é importante. Não muda a cotação do dólar. O que muda a cotação do dólar é importante. Não sou importante. “I want you to notice; when I'm not around; you're so fucking special; I wish I was special; but I'm a creep; I'm a weirdo...” Fico a maior parte do tempo em casa vendo filmes velhos e escutando música estranha. Não gosto de lugares com pessoas. Durmo com a televisão ligada. Como feijão com macarrão e batata palha. Não tenho o que dizer mas gosto de ficar falando. Nunca fiz nada que nenhum idiota nunca tenha feito. Também não consigo pensar alguma coisa que seja tão difícil que ninguém nunca tenha pensado. Não sei como é lá porque nunca cheguei.

Passei frio e medo dormindo na rua esperando o ônibus começar a rodar. Assisti as Torres Gemias virem abaixo ao vivo. Estava vidrado na telinha quando o Ayrton Senna morreu porque uma peça soltou do carro. Acompanhei a caçada ao Bin Laden. Lembro do plano cruzado e do dinheiro suado sumindo. Comi comida mexicana, num restaurante alemão, com um garçom palestino. Vi um show do Motorhead com o peito colado na grade da primeira a última música. Ganhei moedas num caça níquel. Já atravessei a ponte Rio-Niterói. Li o Apanhador no Campo de Centeio e nunca matei ninguém. Corri da chuva num dia de primavera. Nadei no rio Tietê. Choro sempre que escuto In my life. “There are places I remember all my life; though some have changed; some forever, not for better; some have gone and some remain.” Me arrependi de coisas que fiz e de coisas que não fiz.

“We start off with high hopes, then we bottle it. We realise that we’re all going to die, without really finding out the big answers. We develop all those long-winded ideas which just interpret the reality of our lives in different ways, without really extending our body of worthwhile knowledge, about the big things, the real things. Basically, we live a short disappointing life; and then we die. We fill up our lives with shite, things like careers and relationships to delude ourselves that it isn’t all totally pointless.”

Acho que esta droga toda esta regredindo. E agora? Quem poderá me defender? Da vida, de mim mesmo, do futuro cruel. Cruzando a Faria Lima voando, deixando para trás os raios dos luminosos. Estudar, trabalhar, trabalhar, estudar. Sem ninguém saber o quanto é difícil nem quanto dói. Sentir o vazio de não estar lá. Dormindo encolhido num canto esquecido. Com o vento zunindo no ouvido e o medo de não ser o escolhido martelando a consciência a cada segundo. Tenho que expulsar tudo isso para fora de mim, mas não consigo. Então cresce, cresce, cresce. Preciso saber o que isso significa para apreender a lidar com, isso. Se ficar mais cinco minutos sozinho acho que sou capaz de foder com tudo de vez. Melhor eu ir embora.