OS POMBOS E OS PARDAIS
 
          “Tudo aconteceu há muitos anos atrás, em toda terra, todo canto, no tempo em que alguns bichos começavam a sair das florestas e ir para as cidades... 
Os pombos, aves por razões de pureza, símbolo da paz, diversas cores, elegantes no andar, mas sem dotes para o canto, apenas serviam como antigos carteiros, o chamado pombo-correio, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes corretores e donos de imobiliárias.
          E para isto fundaram condomínios, prédios exclusivos nos grandes centros, onde ficavam nas praças e jardins usando de seu perfil elegante e peito estufado, fazendo promessas para dominar todos os pássaros que vinham à cidade.
          Foi assim que eles se organizaram e se deram nomes importantes para perpetuar sua espécie por muitos anos, em início de carreira, era se tornar um respeitável pombo, mas intenção era se tornar uma autoridade para que todos o chamassem de Vossa Excelência.
          Tudo ia muito bem até que a tranquilidade hierárquica foi estremecida. A cidade foi invadida por bandos de pardais que piavam e fazia suas moradias em todos os cantos, criando pequenas vilas e favelas desorganizando tudo.
         Os pombos estufaram seus peitos e deselegantes entortaram os bicos, o rancor franziu suas testas, eles convocaram imediatamente os pardais para um inquérito.
     - Onde estão os documentos, alvarás e suas cartas de habites? Os pobres pardais se olharam perplexos, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passados por situações semelhantes e nunca foram cobrados por outros cantos, nas florestas, caatingas, pantanais e cerrados.
- Não, assim não pode ser. Morar aqui sem documentação, alvarás, sem habites é um desrespeito à ordem.
        E os pombos, em uníssono, expulsaram das cidades os pardais que invadiam sem documentos, alvarás e cartas de habites...
          Os pardais não se rederam, se mobilizaram, fizeram assembleias, reuniões, manifestações, fundaram associações e voltaram para as cidades ocupando os lugares insalubres, encostas e lixões próximos das casas e prédios dos pomposos pombos. ”
 
     MORAL: Em terra de Pombos pomposos Pardais que arredam os pés não moram jamais.
      Este texto, conto ou fabula, foi inspirado após minha filha Kamilla estudante de Letras da UNB me enviar uma mensagem para ler o conto de Rubens Alves “Os urubus e os sabiás”. Ao receber a mensagem brinquei com ela “Eu faço parte deste conto, mas não sou um urubu”.

 
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 19/09/2012
Reeditado em 04/12/2015
Código do texto: T3890448
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