O Capeta Existe!?!?!

É algo até estranho obter a comprovação de tal existência, mas em alguns momentos acabo por ficar em dúvida sobre sua real existência. Normalmente sou pela existência de uma energia superior, algo que comanda essa loucura toda que é a existência humana. Tantos querendo tanto e tão poucos comandando as diretrizes da humanidade. O que seriam os tais empresários, ocupantes de “cargos nomeados”, detentores das armas, os quais matam mais que qualquer tragédia natural, estou me referindo aos dois lados da moeda, se preferir “mocinhos e bandidos”, mas principalmente aqueles que se dizem representantes dos povos de meu planeta: Políticos! Ou você não conhece o quanto as canetas destroem todos os dias nesse mundo?

Não vou ficar falando do óbvio, das notícias de todo dia, números absurdos, mostrando a quantidade de assassinados nas ruas da minha pátria. Nada disso! Queria colocar para sua apreciação, tentar discutir, “levantar a lebre” se preferir, as causas geradoras desses comportamentos, dentre aqueles que não estão sendo acossados por nenhuma premência primordial de ser um humano. Desde os mais simples comportamentos até aqueles que visam tomar o que é de outro, obter vantagens no trabalho, pisar em seus comandados... Por ter sido pisado sair distribuindo infortúnios! É desse tipo de comportamento que gostaria de tratar.

Eu sei que é extremamente complexo, mas talvez se começássemos por analisar os mais simples, olharmos para dentro e com o olhar de quem entende suas próprias razões, analisar outros comportamentos. Eu sei que a proposta não é nova, muitos já se ocuparam do tema. Realmente gostaria de viver em um mundo melhor, mais “Franciscano”. É verdade, não vejo necessidade de todos terem tanto, consumir o planeta até sua extinção, ou melhor, nossa extinção. Nisso não cabe a cantilena Norte Americana ou Européia, nada disso, temos o direito de viver bem, todo nosso povo, o povo Brasileiro, como também os Indianos, Africanos... Todos! Cabe na sua cabeça todos os Chineses vivendo como já vivem os Norte Americanos? Isso é fisicamente impossível. Tem certeza que vamos resolver a crise mundial consumindo mais? Seria a distribuição de renda uma solução, uma solução Globalizada?

Tudo é globalizado... Tudo? Será que poderíamos globalizar uma atitude “Franciscana”? Quem ainda não a conhece consulte o link abaixo.

(http://www.capuchinhos.org/francisco/artigos/ecologia.htm)

“A MORAL DA FRUGALIDADE: É urgente abandonar a atitude consumista e a consequente relação com o mundo na linha de posse e de propriedade mais do que de simpatia e contemplação. Somente uma cultura ascética das coisas poderá livrar-nos da civilização do consumismo desumanizante e levar-nos a uma relação mais pessoal, mais livre e mais humana com todos os seres.”

Também foi estudada a mais de 2000 anos uma solução para o sofrimento humano, outro abnegado que mostrou ao mundo o “Caminho do Meio”, o caminho que levaria ao fim de todo o sofrimento humano. Sidarta Gautama brindou a humanidade com um conjunto de orientações úteis dentro do convívio humano e com o próprio Planeta Terra. Um pouco de sua história no link abaixo.

(http://www.brazilsite.com.br/religiao/budismo/bud02.htm)

Sidarta postulou:

As Quatro Nobres Verdades.

“A Verdade do Sofrimento: O mundo está cheio de sofrimentos. O nascimento, a velhice, a doença e a morte são sofrimentos, assim como o são o fato de odiar, estar separado de um ente querido ou de lutar inutilmente para satisfazer os desejos. De fato, a vida que não está livre dos desejos e paixões está sempre envolta com a angustia.

A Verdade da Causa do Sofrimento: A causa do sofrimento humano encontra-se, sem dúvida, nos desejos do corpo e nas ilusões das paixões mundanas. Se estes desejos e ilusões forem investigados em sua fonte, poder-se-á verificar que os mesmos se acham profundamente arraigados nos instintos físicos. Assim, o desejo, tendo um grande vigor, já em sua base, pode manifestar-se em tudo, inclusive mesmo em relação à morte.

A Verdade da Extinção do Sofrimento: Se o desejo, que se aloja na raiz de toda a paixão humana, puder ser removido, aí então, morrerá esta paixão e desaparecerá, conseqüentemente, todo o sofrimento humano.

A Verdade do Nobre Caminho: Para se atingir um estado de tranqüilidade, em que não há desejo nem sofrimento, deve-se percorrer o Nobre Caminho, galgando suas oito etapas que são: Percepção correta, Pensamento Coreto, Fala Correta, Comportamento Correto, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Correta e Concentração Correta.”

Fonte: Fundação Bukkyo Dendo Kyokai; A Doutrina de Buda; Terceira Edição Revista, 1982.

Se eu disser que ter uma atitude Franciscana ou seguir a Doutrina de Sidarta é coisa fácil estaria sendo no mínimo estúpido! A pergunta é quase que inevitável: quais as razões que nos levam a gostar de sofrer, viver em constante turbilhão emocional, não seria a tranqüilidade da mente algo desejado por todos?

- Tou com o cão nas tripas.

- O que aconteceu? Você está transtornado meu camarada.

- É um direito meu. Oito anos sem tirar férias e nem sequer me pagaram pelas que não tirei. Isso é sacanagem, esse cara tá com tudo pronto para tirar férias com aquela galinha da amante e eu vou ficar na mão mais uma vez. Sacanagem.

- Mas não é um direito seu? Vai ao seu R.H. e dá entrada nas férias e já vai com a papelada pronta. Você é funcionário público federal, não tem que ficar lambendo traseiro de Doutor de merda. Exija seus direitos, não tem que ficar se lamentando.

- Política meu irmão... Política. Já veio dizendo que tenho que falar com o Dr. Zarabatana, que ele é que pode autorizar. Tenho testemunhas disso.

- Discordo disso tudo. Essa cidade tá mais empepinada que as fábricas de automóveis americanas. Zarabatana não sabe sequer se irá assumir. Pelo menos fique mais calmo e espere o desenrolar dos fatos. Você está virado, não dormiu, passou a noite...

- Não quero saber. Tudo mundo só me sacaneia. Briguei com minha esposa... Acho que estou solteiro.

- Vamos embora? Acaba de comer e vamos para um lugar mais reservado para poder conversar com calma. Quer ir até lá em casa?

- Tá vendo como é? Eu ainda não acabei de comer. Você também vai me sacanear? Assim vou ter que jogar esse resto fora. Isso aqui é dinheiro.

- Me dá essa conta pra cá que eu vou pagar.

Quando o amigo bem intencionado voltou e seu companheiro já havia deglutido o final de sua refeição...

- Pode deixar que vou te levar em casa e depois vou sair por aí.

- Você vai acabar se matando desse jeito. Quer cometer o suicídio?

- Olha lá! Eu sou bom nisso também.

- Que bobagem! Isso é uma tremenda estupidez!

Senhor Zunzunzum não morreu naquele dia, mas chegou tarde em casa, bêbado, brigou com a esposa e foi dormir fora de casa. No dia seguinte continuou sua saga de ódio e botequim.

Sua esposa querendo desesperadamente se comunicar com ele, depois de inúmeras tentativas de contatá-lo por telefone, também foi para o botequim. Mais tarde naquele dia ele atendeu o telefone, perguntou se poderia ter com ela, que assentiu imediatamente.

D. Zelosa já não estava bem, a ira já havia tomado conta de sua mente, não admitia que um homem tão ciumento não quisesse entender seus cuidados e desconfianças. Ele tinha a treinado muito bem na arte de não confiar em um cônjuge. Ela ouviu suas queixas, mas Zunzunzum não quis saber, não deu tratos à bola de D. Zelosa. Ela se levantou e foi para casa, na esperança que ele fosse para casa também... Se reconciliar talvez.

Nada disso! Noite adentro... D. Zelosa saiu mais uma vez de casa naquele dia, agora carregando um utensílio de seu uso habitual. Encontrou seu marido novamente envolto com amigos, bebendo, com aquela cara de “alma penada”, que já se tornara um estigma naqueles dois dias. Pior ainda, pensou ela, chafurdado em pensamentos logo com ele...

- Te encontro aqui com esse camarada. Carecido... É... Sua mãe o batizou com o nome correto, você é um sangue suga mesmo, espalha sua pobre e podre influência... E você – agora apontando para seu marido – é um canalha e covarde. Não tem moral pra nada mesmo.

Infelizmente o ódio subiu as faces de Zelosa. Sem que seu marido esperasse sacou a faca de desossar carnes, aquela que seu marido brandia com orgulho nos dias de churrasco com amigos. Enterrou-a fundo em seu peito, em seu lado esquerdo. Sem chance alguma, naquele dia morreu Zunzunzum, “Funcionário Público Federal”, acossado pelo chefe, coagido por Políticos, desconhecedor do “Caminho do Meio”, nada “Franciscano”, em meio o um bando de pessoas que não o amavam, mas que beberam muito em sua homenagem póstuma. Muitas piadas foram feitas em forma de mórbidos epitáfios para ele...

- Lembra das caretas dele?

- Sim... Sim... Que figura! Gostava duma discussão

- Falava pelos cotovelos.

- Depois de bêbado queria ter razão em tudo.

- Ele e Carecido formavam uma dupla que era bom nem chegar perto!

Háháháhá... Blábláblá... É mesmo!... Háháhá...

Seus amigos!

Quanto a D. Zelosa? Sofre hoje as agruras de nosso sórdido sistema judicial. Pobre é pobre... O sistema deveria seu único, a justiça deveria ser igual para todos! Zelosa era apenas uma professora primária aposentada, seus proventos sequer cobriam as despesas com “seus remedinhos”, ela também não conhecia Filosofia.

Foi assim que comecei a acreditar que o “Capeta” existe! Existe mesmo? Quem pode me dizer a verdade?

A. Luiz Canelhas Jr

luiz.canelhas@ymail.com

Uma homenagem aos relacionamentos desfeitos. Principalmente aqueles entre pessoas que nunca deixaram de se amar. Vítimas das circunstâncias sociais, fruto da “desonestidade globalizada”.