Ai... Que vontade!

Hoje foi um daqueles dias em que tenho vontades totalmente contraditórias. Nada fora do normal aconteceu, somente um dia de canseira pura. Problema é a minha determinação em não mais cair na gandaia no meio da semana, nada de cervejada e horas de botequim. Para chegar em casa foi uma verdadeira luta contra o diabinho que senta no ombro e começa a falar ao pé do ouvido, assim tipo desenho animado, pior ainda, o anjinho hoje ficou meio calado! Não entendi nada, acho que tava me testando ou de brincadeira comigo. Visualizei-me sentado no bar tomando todas numa boa, até pensei como seria a onda depois de quinze dias sem tomar uma gelada. Foi ai que começaram a aparecer outros pensamentos, que a princípio geraram dúvidas a respeito de sua procedência, anjo ou diabo, devido ao que estavam me fazendo antever.

Normalmente chego no bar lá pelas cinco e meia da tarde, começo a saborear a primeira gelada do dia com gosto, mas a segunda é melhor ainda... Sei lá, deve ser um grande defeito que tenho, mas, ato contínuo, compro um maço de cigarros e começa então o efeito chaminé. Num “happy-hour” desses chego a fumar vários maços da palha safada. É bom lembrar que por vezes, não tão raras assim, o evento acaba lá pelas três horas da manhã. Fica claro que quando isso acontece uma série de eventos vão se sucedendo quase que automaticamente: Bebe-se na padaria até a cerveja ficar meio quente, depois existe o bar do Paulão ou o dos paraíbas, o do Paulão sempre com uma cerveja muito gelada, dependendo dos papos isso já vai chegar até umas onze horas, na seqüência o derrame é certo, acabo num bar muquirana, daqueles que só fecham depois da três da madruga, como moro em cidade do interior... Pô, é sempre o mesmo bar!

Fatalmente vem o que já é, ou seja, o resto do dia, que muitas vezes teimo em chamar dia seguinte... Dia seguinte que nada, é o mesmo dia só que depois de duas ou três horas mal dormidas, um gosto de cabo de guarda-chuva na boca, com a sensação que pensar faz mal a saúde, tremenda sensibilidade a som em alto volume, em fim, é um tremendo tormento ter que sair para trabalhar... Coisa estúpida isso! Pra não falar coisa pior.

Na minha idade já não dá pra fazer isso dois dias seguidos, seria a própria morte tentar. Então chego em casa e vou dar uma olhada nas finanças, ver como foi a noite anterior, sentir o tamanho do comprometimento financeiro proveniente da relaxada, tão necessária. Meu irmão é nesse momento que toda a descontração do dia anterior se transforma em tensão pura. Essas coisas nunca saem baratas!

Eu me xingo muito... Acabo deixando de fazer um monte de coisas durante o mês inteiro por deixar meu rico suor nos botecos da vida. Fico me torturando mesmo. Assim vão meses, semestres, anos...

Agora estou há quinze dias sem tomar uma gelada, passei na porta de viver mais uma seqüência de eventos típicos desses meus últimos oito anos... Puxa vida... É... Faz oito anos que venho vivendo assim, um dia de bar e três para se recuperar. Hoje não aconteceu, consegui chegar em casa e não sair, vencendo os diabinhos de desenho animado. Com você isso acontece? Sou eu somente o maluco por aqui? Você acha isso uma tremenda coisa de otário? Se acha, eu quero mais é que você vá tomar um suco de caju!

Certo é que um dia chegando numa repartição publica federal lá estavam os dizeres: Se você não quer problemas com a Justiça Federal... - entre outras recomendações -... Não gaste seus proventos em bares, evite conversas que possam gerar polêmicas acaloradas, gerando risco de brigas, tome conta do que é seu, se não souber o que fazer com seu dinheiro poupe-o... Lá ia o texto falando das diversas formas que usamos para perder dinheiro e correr riscos desnecessariamente.

Daqui a alguns meses vou descobrir o quanto de verdade existia no referido texto!

A. Luiz Canelhas Jr. – 15/08/2007

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Saquarema - RJ