A coisa

Essa é mais uma história das muitas que tenho em meu caderninho. Acredite quem quiser mas ela aconteceu de verdade.

Essa história aconteceu há algum tempo. Foi na minha época de juventude. Nessa época o medo dos jovens era encontrar com pessoas mortas , já que as vivas não faziam tanto medo, como fazem hoje.

Pois bem, deixe-me iniciar essa história, então.

Éramos mais ou menos doze no grupo. Sempre íamos para as festas juntos, e éramos muito unidos. Ninguém saia da festa sem avisar a algum membro do grupo. Pois como sempre andávamos a pé, não podíamos passar horas esperando alguém.

Todo sábado saíamos para as baladas e só voltávamos depois da meia noite. Tínhamos que caminhar por uma estrada de areia , pouco iluminada e com muitas árvores. Passar por essa estrada sempre me dava um frio na espinha e alguns arrepios. Pois muitas histórias eram contadas a respeito dessa estrada carroçal . Morríamos de medo de encontrarmos com a procissão . Esse é outra história que contarei mais adiante. Pois bem, esse era nosso maior medo.

Um certo dia o grupo resolveu ir para uma festa de carnaval. Como não sou muito adepta a festas carnavalescas, resolvi que não iria. Muitos colegas insistiram para que eu fosse à festa, porém fui irredutível, não fui . Era um baile a fantasia .Lá se foram todos para o baile, alguns fantasiados e outros não.

Os jovens do nosso grupo brincaram pra valer e esqueceram da hora de voltar para casa. Alguns se afastaram do grupo e foi difícil juntar todo mundo, para ninguém ficar sozinho na festa. Principalmente as moças. Por isso, todo mundo tinha seu relógio, para não perder a hora de voltar.Nesse dia eles voltaram para casa por volta das três horas da manhã. Todos rindo das coisas engraçadas da festa.

Chegaram na estrada de terra e ficaram mais silenciosos, pois muitos conversavam alto. Mas todos sabiam da fama da estrada, por isso não se distanciavam uns dos outros. Nessa época não tínhamos problemas com drogas . Por isso o que vou contar agora não teve relação com drogas.

Tinha no grupo uma menina que sempre que íamos às festas, reunia o grupo e fazia uma oração. Nesse dia ela não fez . Ao chegarem no meio da estrada uma das jovens começou a se arrepiar , mas nada falou, justamente para não assustar mais o grupo. Passaram uma árvore frondosa que tinha beira da estrada. Alguém do grupo parou de caminhar e começou a gritar. O grupo todo se espalhou e alguns correram o tanto que podiam . A pessoa que gritou não saia do lugar, como se não pudesse caminhar. Dois rapazes se assustaram e começaram a gritar também. Diziam que havia na frente deles um corpo sem cabeça. A coisa dançava e pulava na frente deles. Vez por outra parava e dançava . Ninguém conseguia ver a cabeça do dançarino , só o corpo. A moça que viu primeiro ficou calada para não assustar os companheiros. Mas sua amiga não agiu da mesma forma . Gritou e assustou todo mundo . Os dois rapazes começaram a ver também o que as duas meninas estavam vendo e piorou a situação porque foi como espalhar brasa, todo mundo se espalhou .

Um dos rapazes do grupo, Fernando, era o mais corajoso . Abraçou a moça e começou a rezar . Depois de algum tempo ela se recuperou e os dois começaram a correr. Muitos chegaram em casa sem nem perceber, de tanto medo.

Desse dia em diante todo mundo passou a acreditar mais ainda nas histórias de assombração.

Lu