O PALPÁVEL E O IMPONDERÁVEL

Tudo feito, tudo mais ou menos arrumado. Minha alma e corpo estavam pesados. Joguei-me na cama. Um abraço no travesseiro maior, um cheiro no outro com recheio de ervas aromáticas e relaxantes. O quarto escuro e o silêncio superficial abriam alas para a expressão da angústia que eu já sabia, era o momento de deixar vir. Eu disse, enquanto umidecia as ervas sobre o rosto.

- O que é palpável em minha vida? o quê ? o que tenho de palpável, de concreto em minha vida?!

De imediato ouvi uma resposta no íntimo: " sua auto-estima, seu trabalho, sua missão! Nada além disso poderá te sustentar inteira. Nada! "

Diante da imediata resposta, compreendi mais uma vez que não haveria fuga, como nunca houve em momento algum.

Nas minhas auto-consultas, sempre me disponho a meditar bem sobre o essencial, mas nunca havia perguntado coisa assim tão dolorosamente sentida e direta "o que há de palpável na minha vida?!" Ironicamente minha intuição lembrou da consulta ao mastologista no dia anterior. Lembrou do exato momento e sensação quando o especialista apalpou o nódulo e o movimentou.

Palpável, aprendi, podem ser os nódulos e mágoas que carregamos sem necessariamente precisarmos deles. Não nos farão felizes, não nos trarão a sabedoria da vivência, enquanto não nos amarmos e cuidarmos de jogar fora sentimentos que nos fazem torpes, pedras, nódulos.

Por Tânia Barros

Tânia Barros
Enviado por Tânia Barros em 24/10/2007
Reeditado em 12/09/2017
Código do texto: T708236
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