Carta à Sra. Suzana Singer - Ondbudsman do Jornal a Folha de São Paulo (Mais e Ilustríssima = Menos)

Ilma Sra.

Suzana Singer

DD. Ondbudsman do Jornal a Folha de São Paulo.

Prezada Sra.

Saudações.

Sou assinante da Folha há 40 anos. Minha sedução por este jornal surgiu durante a Ditadura, onde ao contrário de outros Estadões, tinha suas páginas cobertas de receitas de doces e bolos, para cobrir espaços censurados pelos "militares redentores".

Li seu artigo deste Domingo e acho que concordo com boa parte dele, comentando apenas um dado que a estatística, se levada a cabo, como já o fiz entre os leitores de média a elevada cultura de minha região atuante (sou psiquiatra há 41 anos). Menos de 20% dos leitores da Folha liam o caderno Mais e apenas cerca de 5% liam alguns artigos, principalmente quando eram escritos por alguém que tinha assuntos de seu interesse.

O Ilustríssima, como ponderou, é outra tragédia.

Tenho em toda a minha vida profissional alertado às pessoas para uma reforma dentro de seu eu, como meio de salvarmos o Planeta. Lógico está que minha atuação isolada não chegará a um trilionésimo do que precisa ser feito. Mas mesmo assim o faço, por convencimento de uma olhada para dentro de nós.

Escrevo para vários sites, inclusive o Recanto das Letras do UOL, com razoável aceitação. Já escrevi para o Caderno Regional de Campinas da Folha, sobre Medicamentos Genéricos e para a Gazeta Mercantil sobre os "Soldadinhos de Chumbo - Executivos Menores".

Além de me divertir e escrever o que quero e creio, noto que as pessoas nem sempre gostam de se instruir, lendo muito mais sobre as desgraceiras, como é costume dos matutinos publicarem, inclusive a Folha. E claro que eles tem que seguir a moda para sobreviver, mas estarão em paz com sua consciência redacional, tanto quanto com a aquisitiva?

Assim pensando, venho solicitar-lhe uma crítica à falta de instrução redatorial salvadora, coisa que o nosso Ministério da Doença não o faz.

Que tal, ao invés de Ilustríssima, Mais isto, ou Aquilo, ou a Metro, a Folha não buscasse fazer um alerta em caderno com o título de SAUDAVEL, onde autoridades de saúde (professores, nada como temporais), falando português, expliquem as doenças evitáveis, a falta de prevenção e conscientize o governo a criar o Ministério da Saúde, com medicina Preventiva, seu principal papel, para que reduza o enchimento das cuecas e meias de larápios compradores de genéricos vagabundos.

Como poderá ver em meus escritos, se se der a este trabalho, que muito me honrará, procuro sanar dúvidas, divertir, criticar, elogiar e fazer uma introversão minha, como meio de mostrar que podemos, se queremos e não apenas tentemos para dizermos que não o fizemos apesar tentar.

Criei a sigla CR, para se contrapor a QI. Muito valorizado, o QI muitas vezes atrapalha, principalmente se mil idéias brotam sem solução. Ao contrário o CR (Capacidade de Realização) conduz o indivíduo a fazer, errar, tornar a fazer, até conseguir, uma vez que nossa única certeza é que podemos acertar, se não pararmos de errar, até a solução do problema.

Tomara que a folha progrida e me auxilie a minorar esta meta esquecida, só de vez em quando arranhada superficialmente.

Abraça-a,

o pretenso amigo,

Márcio Funghi de Salles Barbosa

Psiquiatra e Consultor de Relações Humanas em Empresas.

CREMESP 14335

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