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Perfil

Nasci em Mossoró-RN, numa tarde luminosa de um sábado, no dia 20 de setembro de 1924, ano de grande Inverno, o velho Rio Mossoró transbordando, muita fartura e muita alegria no campo. Fui registrado e batizado com este nome, mas nunca perguntei de onde minha mãe o tirara, pois era inédito. Só muitos anos depois, soube que apareceram outras pessoas com o mesmo nome, talvez porque o acharam inédito, incomum ou... bonito.
As primeiras letras e as contas, aprendi-as com minha mãe. Depois, fiz o curso primário em escola pública. Com algum sacrifício, meu pai matriculou-me no Ginásio Diocesano Santa Luzia (1938 a 1942). Prestei o serviço militar em 1942, no Tiro de Guerra; foram dez meses de tempo duro. De 1943 a 1945 fiz o curso de Contador. Em agosto/1943, fiz concurso para o Banco do Brasil, tomando posse na agência de Mossoró no Dia da Bandeira, do mesmo ano. Fui Chefe da CREAI, subgerente e gerente, este cargo exercido de julho/1966 a dezembro/1973. Durante o ano de 1973 concluí o Curso de Economia. Transferido para Caruaru, permaneci na agência de lá de fevereiro/1974 a julho/1976, quando me aposentei, vindo morar em Natal.
Deus me mandou do Pará uma jovem chamada Brasília. Certa tarde festiva de 1945, ela passeava na praça (que naquele tempo se chamava “jardim”) e eu, de pé, junto aos rapazes que ficavam, paletó e gravata, à margem da passarela. Eu estava com dois inesquecíveis amigos, Genildo e Alcínio Miranda, que era meio presepeiro. Numa ocasião em que Brasília passava com suas duas primas, ele me empurrou, dizendo “vai, Chico!” (era como me tratava). Então, “encostei”, meio sem jeito, procurando assunto, até a hora de irem para casa. Despedimo-nos: até quinta-feira, pois nesse dia da semana sempre havia retreta com a Banda Municipal. Ansioso, fiquei aguardando esse dia. Na hora, chegaram as três primas. Aproximei-me, demos umas duas voltas, depois ficamos sós, os dois, sentados no caramanchão (quanta saudade!)”. As retretas geralmente começavam às 7 da noite e terminavam às 9, quando a Amplificadora Municipal tocava a “Valsa dos Patinadores”, final do programa. Quase imediatamente todas as moças saiam, buscando suas casas. Brasília e suas primas moravam no Alto da Conceição, a uns bons cinco quilômetros, num tempo em que o trajeto era quase deserto, com um poste de luz fraca acesa aqui e ali. Com um ano, noivamos e, em janeiro de 1947 (há 64 anos), casamo-nos, ela com 19 e eu com 22 anos
Tivemos onze filhos, 7 mulheres e 4 homens, nascidos em casa, todos normais e todos formados. Estes, deram-nos 17 netos e destes ganhamos 7 bisnetos.
Hoje, aposentado, tento enganar o tempo com as obrigações de dono de casa, com leitura, ouvindo música e escrevendo no computador as minhas antigas recordações.