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Quem sou eu?

Talvez seja pó, ou menos que o pó
Mas, verdadeiramente, creio que nada,
Simples assim. O que mais poderia ser
Frente a imensidão que me cerca.
Que parâmetros poderia usar,
Se comparado ao oceano:
Não sou mesmo nada
Nem uma gota sequer.
Se comparado ao céu:
Então, nem uma nuvem eu seria.
E se comparado aos bilhões de estrelas do firmamento?
Sim, é verdade, nada mesmo é o que sou.
Espero, ainda, ter tempo de saber, pelo menos,
A que vim, para que vim, isso se é que realmente estou aqui hoje.
Até agora creio que não fui mais que o fruto da minha própria imaginação,
Sou a pura abstração.
Essa de uns poucos que acreditaram que eu existia e,
Com isso, até eu mesmo acreditei.
Isso por algum tempo, pouco tempo.
Agora, só espero deixar de ser nada para voltar a ser imenso,
Como tudo o que me cerca.
E aí sim, serei algo digno de existir.
Serei não comparável as estrelas,
Aos mares, aos céus,
Mas comparável ao amor,
Que a tudo isso criou e que a tudo isso mantém.
Aí sim, poderei dizer que voltei a ser alguém.
Quem? ainda não sei, mas, com certeza, saberei.
Por enquanto me conformo em continuar sendo nada mais que nada.
O importante é que sou feliz,
Sendo o nada que sou.


Publicado no Recanto das Letras em 17/08/2009
Código do texto: T1759744