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Poëta nascitur, non fit. -
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
-Cecília Meireles -
CONSIDERAÇÕES
Eu não sou um poeta do amor,
nem da flor
nem da dor.
Não sou exótico
nem erótico.
Sou um garimpeiro da sensibilidade.
E, na verdade,
explorando consciências,
sou um amálgama de todas as tendências.
Sem escola, descolado,
Sou um desclassificado.- Hermílio -
Licenciado em Letras pelo UNICEUB, Brasília-DF. Bacharel em Direito pela UDF- Brasília-DF. Advogado. Escola de Magistratura. Casado. Marido amante, amoroso pai de dois meninos. Poeta e prosador não profissional. Nem sempre publicar livros credencia alguém como escritor. Há exemplos positivos e negativos aqui mesmo neste Recanto. Escrevo por amor à literatura. Gosto do que escrevo. Mas se um dia gabar-me de que sou um escritor porque sei escrever, (O verdadeiro escritor nunca o diz) deixarei de fazê-lo, pois algo errado estará em mim. Embora tenha condições financeiras de publicar livros e, por formação, saber de literatura e da função social de um escritor, meu ofício é outro.
Por que escrevo?
Não sei.
Se soubesse
talvez não escrevesse
sabendo que, por certo, escreveria
o indizível que pensei.
Escrevo o que a alma respira
e o coração dilata
vertendo sangue, suor,
e lágrima destilada,
no estanque momento da palavra exata.
E o vocábulo em conta-gotas
vem,
ata,
desata,
se queda no papel, como em cascata,
bóia e borbulha em profusão silábica.
Se tudo que escrevi
foi uma pensante errata,
escrevo o que o momento inspira
e a minha alma retrata.
(Hermílio)
Telúrico e sentimental. Fragmentado em outros "eus" circunstanciais... machadianamente penetrando os subterrâneos da alma ou pessoanamente associando cada pedaço de mim a heterônimos, pois ninguém é rigorosamente um só, especialmente o poeta.