VAMOS CUIDAR DO QUE NOS RESTA!

Engana-se quem pensa que as pessoas morrem de uma vez. As decepções, os maus-tratos, as hostilidades vão matando as pessoas aos pouquinhos, especialmente aquelas que mais vivem para nos proteger e amar como é o caso dos nossos pais, afinal, quem mais sofre com as nossas atitudes é justamente quem mais nos ama!

Decepções dificilmente matam crianças e jovens, mas o acúmulo dos dissabores vão matar aqueles que passam dos trinta, quarenta, cinquenta. O jovem sorri com razão porque ele não tem experiência própria e nem ideia do quanto dói a ingratidão do ser amado.

Sei que o assunto é repetitivo, mesmo assim ele será sempre necessário e atual: precisamos cuidar das pessoas enquanto elas estão vivas, portanto, não deixemos para cuidar bem delas no funeral. Nunca saberemos quando estaremos diante de uma pessoa pela última vez, portanto, a medida sábia e de segurança é sempre tratá-las como se aquela fosse a última vez, especialmente os nossos pais, avós e todos aqueles que cuidam da gente e por nós tem uma relação de profunda afeição.

Amor não se resume a declarações em redes sociais, especialmente quando as pessoas queridas não estarão mais aqui para ouvir, ver e sentir. O tempo que nos resta também pode não ser tão longo, então que possamos aproveitá-lo para cuidar de quem gosta da gente ao invés de desperdiçá-lo com coisas e pessoas supérfluas, que nada acrescentam positivamente em nossas vidas.

Apesar das dores de uma perda profunda, o mundo não acaba quando uma pessoa nos deixa. A vida sempre continuará para os que ficam e ela precisa ser aproveitada da melhor forma.

Que ao invés de cultivarmos o prazer sádico e mórbido de apontar os erros dos outros, que façamos diferente: Que sejamos acolhimento, elogios, abraços, presentes, carinhos, compaixão, perdão, tolerância, compreensão, gratidão e solidariedade.

Que as nossas dores não sejam mais de remorsos, mas de saudades das coisas boas que construímos juntos!

Ivan Lopes, janeiro de 2020.